De um lado, jovens em busca de uma oportunidade de emprego. Na outra ponta, empresas com carência de profissionais.
Para ajudar a equalizar essa situação, o projeto social Educação e Empregabilidade está formando talentos em Três Lagoas, em Foz do Iguaçu, capacitando-os para o mundo do trabalho, seja o primeiro emprego ou para dar um up na carreira.
A segunda turma acaba de formar mais 22 estudantes do terceiro ano do ensino médio dos colégios Arnaldo Busatto e Sol de Maio.
A iniciativa é da Idisa Veículos, concessionária da marca Mercedes-Benz, que possui cinco décadas de trajetória, em parceria institucional com o Núcleo Regional de Educação (NRE).
Os jovens receberam os certificados em cerimônia com pais, mães, amigos, professores e diretores dos dois colégios, representação do NRE e equipe realizadora do projeto.
Parte dos estudantes formados, cerca de um terço, já será empregada na própria empresa. Os demais serão encaminhados a empreendimentos parceiros, para atingir a meta de 100% de colocação.
Eles são selecionados nas instituições de ensino, com o apoio de professores e diretores, e recebem formação técnica na área de mecânica e em outras funções, conteúdo direcionado para a obtenção de emprego.
Mas a grade é ampla, incluindo temas transversais como educação financeira, marketing e projeto de vida, além de acompanhamento psicológico.
“Nós acolhemos esses jovens e formamos um grupo em que todos se ajudam e se apoiam para o crescimento coletivo”, explicou a coordenadora do projeto, a psicóloga Elaine Vendruscolo.
“Durante o semestre, eles recebem formação em várias áreas, mas fundamentalmente preparo para o ingresso no mercado de trabalho”, reforçou.
Idealizador e mentor do projeto, Danilo Vendruscolo cita que a ideia surgiu para que os jovens que vivem em bairros e estudam na rede pública tenham oportunidades similares às de quem mora nas regiões mais centrais.
A iniciativa começou enfocando a educação e foi evoluindo, devido à demanda dos próprios participantes, para a busca do primeiro emprego.
“Nosso objetivo é formar cidadãos e pessoas preparadas para o mercado de trabalho. Eles concluem a formação como jovens diferenciados, conscientes e qualificados na profissão”, expôs.
“Com os resultados, queremos que mais empresários desenvolvam essa ação, que tem uma metodologia flexível justamente para isso. Estamos disponíveis para ajudar quem queira replicar o projeto”, convidou Danilo.
O formando Arthur Nicolas Gonzalez, 18 anos, contou que o projeto mudou a sua vida. Hoje, ele amplia a formação em mecânica no Senai e faz planos.
“O curso me deu mais um caminho de profissão e mais conhecimentos. Me fez mais forte, e estou preparado para o mercado de trabalho”, comemorou.
A conquista de Arthur faz o orgulho do pai, Adolfo Gonzalez.
“Quero que ele siga o seu sonho, continue no que gosta de fazer. Estou muito orgulhoso de vê-lo receber esse diploma”, disse, concluindo a declaração com um grande abraço no filho e lágrimas de emoção.
Da primeira turma do projeto, Amanda Aline Saiber, 19 anos, já trabalha como auxiliar de mecânica, reescrevendo a sua história e ajudando a mudar paradigmas em um ambiente essencialmente masculino.
A paixão por veículos pesados herdou do pai, já falecido, que era caminhoneiro. Agora, ela se prepara para a formação superior em Engenharia Mecânica.
“O projeto me mudou muito, aprendi a trabalhar em equipe, com o público e a ter empatia com as pessoas”, enumerou. “Por gostar de caminhões, eu trabalhava na lavagem de veículos. Achava que passaria a vida nessa, não tinha esperança. Mas hoje estou na Mercedes-Benz. Em uma palavra, tenho gratidão ao projeto”, sublinhou.
Do setor de educação profissional, Maria Lúcia Fidel acompanha o projeto Educação e Empregabilidade pelo Núcleo Regional de Ensino. A iniciativa, reportou, vai ao encontro das necessidades dos alunos.
Os jovens são motivados e se sentem acolhidos, o que é outro diferencial, elencou.
“Os alunos conseguem enxergar que daqui saem com um emprego, muitos já foram contratados”, explicou. “É um projeto diferente, em que os professores têm formação na área, e os alunos são acompanhados de perto. Não tem um projeto assim no Paraná. Inclusive, ele está sendo usado como modelo para outros núcleos de ensino”, relatou Maria Lúcia.