Recentemente ovacionamos uma premiação histórica para o Brasil: Fernanda Torres leva Globo de Ouro na categoria de melhor atriz pelo filme “Ainda estou aqui” de Walter Salles.
Ela, modesta, ao lado de um time qualificado e experiente de atrizes, afirma “não ter preparado nada (para falar) por já estar feliz com a indicação” e dedica o prêmio à mãe, que há 25 anos estava neste mesmo lugar e levou a estatueta de melhor filme estrangeiro com a produção “Central do Brasil”, do mesmo cineasta.
Fernanda seguiu os passos longevos de dedicação à arte.
E o que isso tem a ver com negócios? Muitos segmentos empresariais, exigem a entrega de uma vida toda, traduzido em trabalho árduo e, quase ininterrupto, para a manutenção da família, a prosperidade dos negócios e a geração de renda.
Dados do Governo Federal apontam que o primeiro quadrimestre de 2024 obteve um total de 21.738.420 empresas ativas, abrangendo matrizes, filiais e microempreendedores individuais (MEI).
Destas, 93,6% são microempresas ou de pequeno porte, isto é, times reduzidos ou formações familiares que empreendem a fim de buscar a própria subsistência.
Os pequenos negócios, somado aos microempreendedores Individuais (MEIs) — movimentam cerca de R$ 420 bilhões ao ano, o que representa cerca de 30% do PIB brasileiro.
Além disso, é comum nas empresas com gestão familiar, ter o “bastão” passado de pai para filho. Herdeiros atuam junto aos negócios dos pais/avós e são convidados (em alguns casos convocados) a dar continuidade ao legado construído até então.
Fernanda Torres fala em várias entrevistas como foi seguir a mesma profissão da mãe, sua presença nas salas de teatro e cinema e como isso refletiu em sua construção como atriz.
São inúmeros os casos de exemplos que ensinam e conduzem os filhos para caminhos profissionais semelhantes aos dos pais, inspirados em uma jornada de dedicação e apreço pela carreira.
Unir a tradição construída pelos patriarcas com o que os jovens desejam aplicar aos negócios, é um dos pontos recorrentes em empresas familiares, que precisam administrar conflitos e equilibrar desejos e necessidades (da empresa e dos integrantes) para levar a estrutura adiante.
Empreendedores e empresários precisam aprender sobre planejamento, gestão e inteligência emocional, além de definir metas viáveis e claras para melhor administrar os negócios e evitar que a pressão diária e as eventuais frustrações ocasionem o declínio dos negócios.
Trabalho árduo e contínuo: a arte imita a vida ou a vida imita a arte? Perdão pelo clichê, mas assim como a formação de uma atriz é contínua para uma boa performance e um amadurecimento profissional, a dedicação de um empreendedor requer entrega diária para manter o negócio “em pé”.
Quantos atuam de “domingo a domingo” com a “mão na massa”, elaborando estratégias, buscando ideias, estudando o mercado, analisando preços para que mantenham a “saúde do negócio”.
E, apesar disso, os índices de fechamento de empresas impressiona: 2.153.840 empresas encerraram suas atividades em 2023, representando um aumento de 25,7% em relação ao ano anterior, de acordo com relatório do Governo Federal.
E, em meio a tudo isso, há ainda o desejo por reconhecimento. Conquistas financeiras, êxitos pela criação de novos produtos ou modelos, pela busca por diferenciação no mercado…dentre tantos outros fatores que fazem empreendedores seguirem o propósito do seu negócio. Por isso, cabe a reflexão:
Existe um tempo para sermos reconhecidos por aquilo que fazemos, ou ainda, é válido pensar neste reconhecimento como algo único ou pontual?
A premiação do Globo de Ouro mostrou por meio do discurso de veteranas, como a atriz Demi Moore, que a carreira de uma atriz também não é linear. Existem muitos tropeços, pessoas que desacreditam, desafios inerentes à vontade do indivíduo, acompanhada por dúvidas, alegrias e recomeços.
Na jornada do empreendedor não é diferente. Pontos altos e baixos exigem resiliência, redirecionamentos e constância para seguir em frente.
A arte desnuda, mais uma vez, a vulnerabilidade humana, presente em todos nós, empresários ou não, e nos faz refletir sobre o equilíbrio entre propósito, necessidades, subsistência e o desejo de seguir em frente com equilíbrio.