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Educação digital: problema ou solução?

Foto: divulgação

Por Pamela Tenorio da Silva, técnica em administração e analista de operações acadêmicas da pós-graduação no Centro Universitário Internacional UNINTER.

A pandemia da Covid-19 provocou uma reviravolta no sistema educacional mundial, obrigando escolas, professores e alunos a se adaptarem, de maneira urgente, a uma nova realidade. A transição repentina para o ensino remoto foi um grande desafio, mas também gerou importantes reflexões sobre a forma como a educação pode ser repensada e transformada. No entanto, após 5 anos, ainda existem desafios e, por outro lado, oportunidades para a inovação no ensino.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou dados que evidenciam os impactos da pandemia da Covid-19 na educação brasileira. As avaliações realizadas pelo Ministério da Educação indicam prejuízos significativos no processo de alfabetização. No segundo ano do ensino fundamental, o percentual de estudantes que não sabem ler palavras isoladas aumentou de 15% para 34% em relação ao último censo de 2019.

A desigualdade no acesso à tecnologia é um dos principais desafios das escolas públicas. Embora as aulas remotas tenham permitido a continuidade no ensino, muitos alunos, especialmente os de periferias e classes mais baixas, não tinham infraestrutura adequada para acompanhar as aulas, devido à falta de dispositivos, internet, suporte docente ou espaços apropriados para estudo em casa. Como consequência, a defasagem educacional é evidente: além das dificuldades de aprendizagem obtidas, muitos estudantes desenvolveram desinteresse e dependência de respostas prontas, seja pelo acesso à internet e inteligências artificiais ou pelo envolvimento dos responsáveis, que, sem a devida preparação, acabaram fazendo as tarefas pelos filhos apenas para garantir sua aprovação escolar.

Além disso, o ensino remoto evidenciou a importância das interações sociais no processo de aprendizagem. A ausência de contato direto entre professores e alunos, o distanciamento social e a falta de atividades em grupo afetaram o desenvolvimento emocional e social das crianças. Isso reforça que a educação vai além do ensino de conteúdos acadêmicos, ela também envolve o fortalecimento de vínculos e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Muitas crianças, privadas da convivência com os colegas, perderam as habilidades de socializar e começaram a viver em um mundo imaginário em que elas são o centro. 

No entanto, a experiência do ensino remoto, mesmo que com limitações, acelerou a utilização de tecnologias educacionais que podem ser mantidas e aprimoradas no futuro. Ferramentas como plataformas de ensino a distância, recursos multimídia e inteligência artificial podem ser integradas ao ensino presencial de forma a criar experiências de aprendizagem mais personalizadas, inovadoras e que realmente chamem atenção dos nativos digitais.

É notável que muitos docentes se viram desafiados a aprender novas ferramentas e métodos de ensino em um curto espaço de tempo, muitas vezes sem o apoio e a formação necessária. A pandemia revelou as fragilidades do sistema educacional, mas também evidenciou as possibilidades de modernização e adaptação para um ensino mais atrativo aos estudantes.

Para que a educação digital seja realmente transformadora, é essencial que haja um investimento em programas de formação continuada para os docentes. E isso exige um esforço conjunto entre governos, escolas, professores e famílias. É necessário criar condições para que todos os envolvidos possam se adaptar às novas tecnologias educacionais e que políticas públicas garantam o acesso igualitário aos estudantes. O caminho a seguir exige coragem para inovar e, principalmente, um compromisso com a equidade e com o bem-estar de todos os estudantes.

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