Inaugurado no último dia 11 de junho, em Curitiba, o Parque Tecnológico da Indústria marca um novo capítulo para a indústria paranaense. Mais do que um espaço físico, a estrutura – instalada no Campus da Indústria do Sistema Fiep – nasce como um polo estratégico para acelerar a inovação, a transformação digital e a sustentabilidade nas empresas do Estado.
Com mais de 165 mil m² de área, o Parque já concentra laboratórios, centros de pesquisa, ambientes para startups e iniciativas voltadas ao desenvolvimento de tecnologias emergentes, como hidrogênio verde, veículos autônomos e soluções para a descarbonização industrial.
Durante a inauguração, o destaque foi o lançamento do Habitat Mobilidade, hub voltado à criação de soluções para a mobilidade sustentável, além de demonstrações tecnológicas de empresas e instituições que integram o ecossistema.
Neste Economia PR Drops, o presidente do Sistema Fiep, Edson Vasconcelos, detalha como o Parque se conecta à visão de futuro da entidade, os impactos econômicos esperados e o papel do Paraná como protagonista da inovação industrial no cenário nacional. Confira:
Qual é o propósito central do Parque Tecnológico da Indústria e como ele se diferencia de outros polos de inovação no Brasil?
Edson: O Parque Tecnológico da Indústria é um ativo estratégico criado para impulsionar o desenvolvimento econômico regional através da geração de negócios inovadores, integrando indústria, universidades, centros de pesquisa e governo em um ecossistema colaborativo. Seu propósito central é remover barreiras para que as empresas possam inovar efetivamente, através de pesquisa aplicada aos desafios reais, trabalhando com o desenvolvimento de novos produtos, abrindo novos mercados, proporcionando acesso direto a infraestrutura tecnológica avançada, redes de financiamento e profissionais qualificados. Sua grande diferenciação no cenário nacional reside na ampla capilaridade e integração com atendimento em todas as regiões do estado através da rede de Institutos de Tecnologia e Inovação do Senai Paraná, da sua aceleradora de Startups, além das parcerias estratégicas com universidades e instituições de ciência e tecnologia em âmbito nacional e internacional. Outro destaque é a atuação ativa na aproximação com órgãos governamentais para influenciar políticas públicas industriais e o suporte estratégico às empresas em processos contínuos de melhoria produtiva, fortalecendo toda a cadeia produtiva paranaense.
Como o Parque materializa a visão da Fiep para o futuro da indústria paranaense?
Edson: O Parque Tecnológico é a expressão prática da visão da FIEP em ser uma referência nacional no desenvolvimento industrial, associativismo e eficiência no atendimento às indústrias. Atuando como um ativo estratégico de inovação, ele responde à crescente necessidade das empresas paranaenses por pesquisa aplicada, agregação de valor aos produtos e transformação digital, essenciais para competir em um cenário globalizado e intensamente tecnológico. Assim, o Parque acelera a transição das empresas para modelos baseados em tecnologia e inovação, consolidando a liderança e competitividade da indústria paranaense no Brasil.
Quais os principais impactos econômicos esperados com a operação plena do Parque nos próximos anos?
Edson: A plena operação do Parque Tecnológico proporcionará ao Paraná impactos econômicos robustos e transformadores, como o aumento do PIB estadual, criação de empregos altamente especializados e atração de novos investimentos nacionais e internacionais. Além disso, prevê-se um fortalecimento das cadeias produtivas regionais, expansão de negócios inovadores, internacionalização das empresas residentes e estímulo à criação de startups disruptivas. A consolidação desse ambiente também deverá incentivar práticas sustentáveis, promover inclusão digital e reduzir desigualdades econômicas por meio da inovação tecnológica.
De que forma o Parque pode contribuir para atrair investimentos e gerar empregos qualificados no Paraná?
Edson: O Parque Tecnológico tem potencial para transformar o Paraná em um polo atrativo e competitivo para empresas tecnológicas, que naturalmente buscam ecossistemas integrados com infraestrutura sofisticada e conexões estratégicas. Ao estabelecer esse ambiente inovador, o Parque atua como imã para investimentos produtivos e de alta complexidade, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento econômico. Consequentemente, surgirão oportunidades valiosas de emprego especializado, atraindo talentos qualificados ao Paraná, oferecendo-lhes desafios concretos e perspectivas claras para desenvolvimento profissional e pessoal no contexto de uma economia vibrante e tecnologicamente avançada.
Como o Parque vai atuar para ajudar indústrias tradicionais do estado a se adaptarem às novas exigências de sustentabilidade e tecnologia?
Edson: O papel essencial do Parque é oferecer suporte efetivo para que as indústrias tradicionais do Paraná superem desafios relacionados à sustentabilidade e à transformação tecnológica. Em um ambiente colaborativo e altamente conectado, o Parque facilita o compartilhamento de boas práticas, conecta empresas a parceiros estratégicos especializados e promove o acesso direto à infraestrutura tecnológica e recursos para inovação. Além disso, atua ativamente na captação de recursos e investimentos específicos para sustentabilidade e tecnologia, bem como na interlocução estratégica com o poder público para criação de políticas eficazes, facilitando assim a adaptação das indústrias às exigências modernas do mercado.
O Habitat Mobilidade é um dos destaques da inauguração. Quais são os diferenciais desse hub para o desenvolvimento da mobilidade sustentável no Brasil?
Edson: O Habitat Mobilidade é um ativo estratégico dentro do Parque Tecnológico da Indústria, concebido para acelerar o desenvolvimento de soluções inovadoras para os desafios atuais e futuros da mobilidade sustentável. Seu principal diferencial é o enfoque sistêmico e multidisciplinar, integrando tecnologias automotivas, energéticas, digitais, de conectividade, logística e manufatura avançada. Outro destaque é a sinergia direta com infraestrutura de ponta, como a planta piloto de baterias de íons-lítio e o Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica, essenciais para viabilizar projetos de eletromobilidade, hidrogênio verde e soluções de micromobilidade.
Como o Senai PR enxerga o papel das startups dentro desse ecossistema?
Edson: As startups têm um papel central e estratégico dentro do ecossistema do Parque Tecnológico da Indústria. Entendemos que, diante dos desafios cada vez mais complexos enfrentados pela indústria, as startups oferecem soluções ágeis, inovadoras e com elevado potencial de customização. Muitas indústrias que buscam inovação já procuram por tecnologias minimamente validadas, e é justamente nesse ponto que as startups se posicionam como fornecedoras de soluções que podem ser rapidamente incorporadas aos processos produtivos, evitando a necessidade de partir do zero em projetos de desenvolvimento. Além disso, as startups atuam como parceiras estratégicas na sustentação de soluções ao longo do ciclo de vida dos projetos de inovação industrial, podendo inclusive expandir sua atuação para atender demandas transversais de toda a cadeia produtiva. Outro aspecto relevante é o papel das startups na geração de novos fluxos de inovação. A presença de desafios industriais dentro do Parque gera oportunidades para o surgimento de novas startups, estimulando um ciclo contínuo de criação de empresas de base tecnológica. O Senai Paraná enxerga as startups não apenas como fornecedoras de tecnologia, mas como agentes fundamentais na construção de um ambiente dinâmico, colaborativo e voltado à transformação da indústria paranaense.
Que tipo de empresa ou perfil de parceiro vocês buscam para integrar esse ambiente?
Edson: No Parque Tecnológico da Indústria, buscamos empresas e parceiros com vocação para inovação, que demonstrem espírito colaborativo e estejam comprometidos em contribuir ativamente com o desenvolvimento do ecossistema. Mais importante do que o porte da empresa é seu genuíno interesse em inovar e em cooperar com outros atores do ambiente, desenvolvendo soluções tecnológicas capazes de gerar impacto positivo tanto para o setor produtivo quanto para a sociedade.
Como o Parque vai apoiar a aplicação prática de tecnologias como hidrogênio verde, sensores inteligentes e veículos autônomos?
Edson: Temáticas como hidrogênio verde, sensores inteligentes e veículos autônomos são complexas, mas as duas primeiras, já possuem bases de pesquisa estabelecidas dentro da Rede Senai de Inovação e dos Institutos de Tecnologia. Com o Parque, esses esforços serão ampliados e acelerados, com foco na aplicação prática e na validação de soluções em ambiente industrial. Um dos movimentos estratégicos já em análise é a implantação de um Sandbox de Mobilidade e Tecnologias Sustentáveis, que permitirá o teste em escala real de novas tecnologias em um ambiente controlado, porém conectado com a realidade industrial. Essa abordagem reforça o compromisso do Parque em entregar respostas concretas, conectadas com as tendências globais e alinhadas aos objetivos de transição energética, transformação digital e mobilidade inteligente.
Em cinco anos, que tipo de conquista ou transformação vocês gostariam de ver como resultado direto do Parque Tecnológico da Indústria?
Edson: A visão é consolidar o Parque como um hub de inovação industrial de referência nacional, com forte influência no aumento da competitividade, na geração de empregos qualificados e na transição tecnológica das indústrias paranaenses rumo a modelos mais sustentáveis e digitalizados.
Conquistas almejadas:
• Tornar-se um polo reconhecido por atrair investimentos nacionais e internacionais.
• Reduzir o gap tecnológico das indústrias tradicionais do estado.
• Posicionar o Paraná entre os estados brasileiros com maior densidade de projetos de inovação industrial por empresa.
• Tornar-se referência nacional em soluções para mobilidade sustentável, descarbonização industrial e transformação digital.
• Atração de empresas de base tecnológica nacionais e internacionais.• Consolidação de uma comunidade empresarial colaborativa com forte cultura de inovação aberta.