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Capital de risco no Brasil exige nova postura ao investir em startups

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Foto: Peshkova de Getty Images Pro/Canva

Investir em startups, empresas em estágio inicial com potencial de crescimento, mas que ainda não possuem receitas ou lucros consolidados, exige estratégia, disciplina e uma leitura cuidadosa dos riscos. Esse tipo de investimento, conhecido como venture capital, busca retornos elevados em troca de incertezas.

Segundo a Associação Latino-Americana de Capital Privado e Venture Capital (LAVCA), o volume de investimentos em venture capital na América Latina se manteve estável na primeira metade de 2025. No entanto, no Brasil houve retração: o montante investido caiu cerca de 60% em relação ao segundo semestre de 2024, e o país foi temporariamente superado pelo México em termos de captação.

O tema será discutido no Startup Investment Summit, que acontece em Florianópolis e é considerado um dos principais encontros de investidores, empreendedores e gestores do ecossistema de inovação no Brasil.

O evento reúne fundos de venture capital, aceleradoras, gestores de corporate venture, empresários, startups em busca de capital e também investidores individuais interessados em diversificar suas carteiras.

O objetivo é promover networking qualificado, apresentar cases de sucesso e compartilhar aprendizados sobre o que funciona e o que não funciona quando o assunto é investir em empresas de base tecnológica.

“Investir em startups é uma combinação de visão de longo prazo com método. É importante escolher times que realmente traduzam métricas em receita e margem, montar uma carteira diversificada e respeitar o ambiente regulatório. O sucesso aparece quando a diligência é tão precisa quanto a tese”, afirma Marina Leite, RI e Business Development da Quartzo Capital, que participará do painel Erros e Acertos ao Investir em Startups, no Startup Investment Summit em Florianópolis, das 11h50 às 12h40, no dia 26 de agosto.

Outro destaque do Startup Investment Summit – Florianópolis é a participação de Marcelo Amorim, sócio-diretor na Quartzo Capital, maior gestora de venture capital do Sul do Brasil. Marcelo fará a moderação de um dos painéis mais aguardados do evento, “Investimentos em Startups com Selic a 15%: desafio ou oportunidade?”, que promete analisar os impactos da alta da taxa Selic no mercado de venture capital e explorar oportunidades mesmo em cenários econômicos desafiadores.

Com mais de R$600 milhões sob gestão e foco em startups B2B em estágio inicial e de crescimento, a Quartzo já investiu em empresas promissoras dos setores de saúde, fintech, agro e tecnologia industrial, trazendo experiência prática e visão estratégica para o debate.

Nesse ambiente mais seletivo, os acertos de investidores experientes estão ligados a práticas consistentes. Uma delas é a diversificação, ou seja, a distribuição de recursos em diferentes setores, como saúde digital, fintechs ou energia limpa, e também em diferentes estágios de maturidade, do pré-seed ao growth.

Outra prática essencial é a realização da chamada due diligence, que consiste em uma investigação completa da startup antes do investimento.

Os investidores devem observar indicadores financeiros como o LTV/CAC, que compara o valor de um cliente ao longo do tempo com o custo para conquistá-lo, a sustentabilidade da margem de contribuição, a capacidade de escalar a tecnologia e a qualidade da governança.

Esse último ponto é essencial, visto que empresas com acordos societários claros, relatórios periódicos e mecanismos de proteção contra conflitos tendem a sobreviver a mais ciclos de captação e a atrair novos aportes. 

Além disso, a atenção ao marco regulatório, como a Resolução CVM 175, que permitiu a modernização da regulação e maior aderência à prática do mercado de venture capital e do mercado de capitais em geral, traz segurança e transparência às operações.

Os erros mais comuns podem surgir do excesso de entusiasmo e da falta de preparo. Muitos investidores acabam apostando apenas em setores que estão em alta, como inteligência artificial, sem avaliar se a startup tem condições reais de transformar inovação em receita recorrente.

Outro equívoco é ignorar cláusulas contratuais importantes, como vesting, que define a permanência dos fundadores e garante alinhamento de longo prazo, e direitos de preferência em rodadas futuras, o que pode resultar em diluições prejudiciais.

Também é frequente ver aportes realizados com base na emoção, sem análise de mercado, ou em plataformas não registradas pela CVM, aumentando o risco de fraude ou de perda total do capital.

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