Já parou para pensar na importância do comércio local para os bairros e para a comunidade? Segundo dados da Flourish Ventures (fundo global de investimentos), 92% dos brasileiros pretendem consumir os produtos do cotidiano próximos de casa.
Além da economia de tempo e deslocamento, essa movimentação fortalece a infraestrutura e a autossuficiência dos bairros. O comércio local surge como uma segurança para os moradores.
Os pequenos empreendedores, que têm contato direto com a comunidade, podem suprir lacunas e demandas específicas da região. Outro fator relevante é o senso de pertencimento, de coletividade e as conexões que são reafirmadas.
Já foi a época que o que contava era quem tinha o produto, o melhor preço e a presença online, agora vivemos a década do relacionamento. O cliente quer ir em um lugar legal e se sentir acolhido.
Essa necessidade de aproximação foi destacada como uma resposta à hiperestimulação diária, pela WGSN (maior autoridade em tendências no mundo) no estudo Consumidor do Futuro 2022. Um exemplo desse fenômeno é o Alto da XV Mall, que já faz parte da história e do cotidiano do bairro curitibano Alto da XV.
Celi Lobo, proprietária da loja mais antiga do mall, a Di Vetro, tradicional no segmento de perfumes importados e cosméticos destaca:
“O que mantém a loja, é o relacionamento que a gente tem com os clientes”, enfatiza a empresária.
O shopping localizado em um dos melhores bairros de Curitiba, investe em um ambiente familiar e tem um público fiel.
“Tem uma cliente que eu atendo há uns oito anos, ela vem toda segunda quarta-feira do mês, às dez horas da manhã. Temos uma cadeira especialmente para ela aqui na loja”, conta a gerente da Di Vetro, Talita de Lara.
O atendimento em um estabelecimento impacta no bem-estar e humor dos clientes, Rubens Malinovski, sócio da Via Lopes, observa isso no dia a dia.
“Acontece da pessoa que vem aqui não estar em um bom dia, mas quando conversamos, vamos pelo lado da amizade, e quando vê está tudo certo”.
Apostar na sinceridade, transformar atendimento em uma verdadeira consultoria, brincar, conversar e se divertir é o que garante o sucesso da loja de roupas masculinas comandada por Rubens e seu sócio Cláudio José Lopes.
“Tem clientes que já viraram amigos. Um casal, clientes nossos desde o começo da loja aqui no Mall há 4 anos, fez uma comemoração de aniversário para a gente na casa deles”, conta o empresário que também ressalta a importância de ouvir e entender o cliente para criar um bom relacionamento.
Não são apenas transações comerciais; histórias e indicações são trocadas. O Mall assume um papel na vida social do bairro Alto da XV, como relata Cleonice Wasilkoski, proprietária da Segredos da Cleo, loja especializada em lingerie.
“Percebemos que as idosas são muito sozinhas e elas veem no shopping um caminho, uma opção para conversar e fazer amigas”.
A WGSN também destaca a dessincronização social, as pessoas continuam a fazer as mesmas coisas, mas em horários diferentes, assim ocorre uma perda de interações diárias e surge uma sociedade fragmentada. Nesse contexto, espaços como o mall assumem um papel central na manutenção da vida social.
O Alto da XV Mall está passando por um processo de reposicionamento e reestruturação com o objetivo de preservar sua história e fortalecer seu maior patrimônio: o carinho e a fidelidade dos curitibanos que vivem na região.
A proposta é modernizar a estrutura e a oferta de serviços sem perder a essência acolhedora e o vínculo afetivo que conecta lojistas e clientes há décadas