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Como o setor de telecom pode acelerar a agenda verde no Brasil?

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Foto: Divulgação

Quando falamos em sustentabilidade, muitos pensam em energia, transporte ou agricultura. Mas é impossível ignorar o papel das telecomunicações nessa equação. As redes – responsáveis por conectar pessoas, empresas e serviços digitais – consomem energia em larga escala, geram resíduos tecnológicos e, ao mesmo tempo, possibilitam a digitalização de cadeias produtivas inteiras.

No Brasil, especialmente no Paraná, onde a conectividade já é motor para a economia, a forma como o setor se organiza diante da agenda ESG influencia diretamente a competitividade de empresas, governos e comunidades.

Como a conectividade se torna cada vez mais vital, a forma como as operadoras lidam com energia e resíduos já impacta diretamente a competitividade econômica e os compromissos climáticos do país.

Em termos de energia, os números são claros: a Agência Internacional de Energia (IEA) estima que a digitalização pode responder por até 4% das emissões globais de CO₂ até 2030 se não houver ganhos de eficiência.

Para evitar esse cenário, operadoras brasileiras têm migrado para fontes limpas: em alguns casos, mais da metade da eletricidade consumida já vem de renováveis, com metas de chegar a 80% até 2026. Modelos como o “energia como serviço” democratizam esse movimento, permitindo que empresas acessem energia renovável com economia de até 20% na conta.

Outro ponto que considero fundamental é a gestão de resíduos. A União Internacional de Telecomunicações (UIT) calcula que o mundo gera 62 milhões de toneladas de lixo eletrônico por ano, mas menos de 20% têm destino adequado.

No Brasil, programas de logística reversa já recolhem dezenas de toneladas de cabos, baterias e equipamentos anualmente – em 2024, por exemplo, foram mais de 47 toneladas tratadas de forma correta. Há casos em que fibras ópticas retiradas de operação se transformam em mobiliário urbano, além da substituição de baterias tradicionais por lítio – que duram até cinco vezes mais. Isso reduz descartes, corta custos e comprova que inovação e economia circular podem caminhar juntas.

Essas práticas se conectam a uma tendência global. Em relatório recente, a GSMA mostrou que, mesmo com o crescimento exponencial do tráfego de dados, as emissões operacionais da indústria móvel caíram 8% entre 2019 e 2023. A meta é zerar emissões até 2050.

Olhando para o Paraná, vejo que incorporar inovação verde ao setor de telecomunicações é um requisito para manter competitividade, atrair investimentos e, sobretudo, apoiar cadeias produtivas que dependem cada vez mais da conectividade.

Mais do que atender a metas ambientais, acredito que isso represente uma oportunidade estratégica que se traduz em economia direta para clientes corporativos e consumidores finais, reforçando o vínculo entre sustentabilidade e competitividade.

Mais do que cumprir uma agenda regulatória ou responder a pressões internacionais, o setor tem condições de ser protagonista na transição sustentável do Brasil.

A convergência entre inovação tecnológica e responsabilidade ambiental abre espaço para novos modelos de negócio, além de aumentar a eficiência das operações e fortalecer a confiança de investidores e da sociedade. Ao alinhar sustentabilidade à infraestrutura digital, o país pode transformar sua rede em diferencial competitivo global.

Cabe a nós, líderes de tecnologia e inovação, garantir que cada avanço nesse campo também seja um avanço em sustentabilidade.

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Diretor de TI e Inovação da Ligga Telecom, tem mais de 30 anos de experiência, com passagens por grandes empresas e megaeventos – como Rio 2016 e Copa do Mundo FIFA 2022.

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