Por Paulo Ibri, CEO e cofundador da Typcal
A recente saída do Brasil do Mapa da Fome, anunciada pela FAO/ONU em julho, representa um avanço significativo após anos de insegurança alimentar afetando milhões de brasileiros. No entanto, embora o país tenha conseguido reduzir os índices de subnutrição, o acesso a refeições saudáveis e nutritivas ainda está longe de ser uma realidade para diferentes camadas da população.
Em um cenário marcado pelo alto consumo de ultraprocessados e pela desigualdade no acesso a alimentos de qualidade, falar sobre fome vai muito além da quantidade. É preciso olhar para a qualidade nutricional e para a origem dos alimentos que chegam ao prato das pessoas.
Tornar a alimentação nutritiva mais acessível é um compromisso com o futuro — e com um modelo de desenvolvimento mais sustentável e inclusivo. Segundo dados divulgados pela Technavio, organização internacional de pesquisas, 90% dos consumidores valorizam práticas alimentares com menor impacto ambiental.
Nesse contexto, diversas iniciativas vêm equilibrando inovação e impacto socioambiental no setor alimentício, apostando em modelos escaláveis, acessíveis e conectados às novas demandas de consumo.
A biotecnologia surge como uma aliada estratégica para marcas que buscam atender à crescente demanda por produtos sustentáveis e funcionais, sem abrir mão da competitividade e do sabor.
A bioeconomia circular é outro eixo que ganha força. Ao priorizar o aproveitamento integral de matérias-primas e a redução de desperdícios, ela impulsiona um ciclo produtivo mais consciente e regenerativo.
Ainda de acordo com a Technavio, o setor global alimentício voltado para saúde e bem-estar deve ascender US$ 452,93 milhões até o ano de 2027.
Essa mudança de mentalidade representa um avanço importante na mitigação dos impactos ambientais da produção de alimentos — já que o uso de tecnologias limpas reduz a dependência de recursos naturais e estimula o desenvolvimento sustentável global.
Empresas brasileiras já começam a se destacar nesse movimento, com soluções que utilizam fermentação de precisão, micélio e proteínas alternativas para criar alimentos mais nutritivos e acessíveis.
A médio e longo prazo, a indústria nacional tem potencial para aliar eficiência, inclusão e sustentabilidade, transformando o futuro da alimentação no país.
Ao unir ciência, tecnologia e propósito, o setor pode criar soluções que regeneram o meio ambiente, valorizam o produtor e ampliam o acesso da população a refeições de qualidade.
Garantir a alimentação saudável e sustentável não é apenas uma meta social — é uma estratégia de soberania e de futuro para o Brasil.