A segunda edição da FEISEG – Feira e Fórum de Inovação em Segurança – movimentou Curitiba nos dias 27 e 28 de novembro, consolidando-se como o maior evento do setor na Região Sul.
Realizada na sede da Fiep, a feira reuniu autoridades, delegados, representantes de guardas municipais, empresários, especialistas nacionais e empresas líderes em tecnologia aplicada à segurança pública e privada. No total, 1.600 participantes passaram pela Feira nesses dois dias, quase o dobro da primeira edição, em 2024.
Com foco em inovação, integração institucional e qualificação do combate ao crime, o evento apresentou sistemas avançados de rastreamento, novas plataformas de Inteligência Artificial, soluções para monitoramento residencial e patrimonial, além de aeronaves, softwares e viaturas customizadas.
A FEISEG é organizada pelo Instituto Carga Segura (ICS) em parceria com a Associação dos Delegados de Polícia do Paraná (Adepol-PR).
Para o fundador do ICS, Julio Reis, a edição deste ano confirma a maturidade do debate sobre segurança pública no país.
“A FEISEG nasceu para aproximar quem precisa de segurança de quem oferece soluções e de quem atua na linha de frente do combate ao crime. Aqui, conseguimos criar um ambiente qualificado, técnico e transparente, onde o setor produtivo, as forças policiais e os especialistas trocam informações que realmente fazem diferença no dia a dia. É assim que transformamos tecnologia em prevenção e cooperação em resultados”, afirmou.
Para o presidente da Adepol-PR, delegado Adriano Chohfi, a FEISEG se consolidou como um ambiente único de diálogo entre quem investiga, quem fiscaliza, quem transporta e quem contrata segurança.
“Ao reunir empresas privadas, forças policiais e especialistas, criamos um espaço raro no Brasil, com trocas técnicas e transparentes. A inovação deixou de ser tendência: hoje é necessidade operacional. Sistemas integrados, IA e ferramentas de rastreamento já encurtam o tempo de resposta e ampliam nossa capacidade investigativa”, afirmou.
Chohfi destacou ainda que o Paraná tem se tornado referência nacional pela combinação de investimentos, modernização das corporações e qualificação profissional. Segundo ele, a FEISEG refletiu esse avanço ao mostrar como a integração entre polícias e guardas municipais já ocorre de forma real, e não apenas no papel.
“O estado vive um ciclo importante de fortalecimento. Equipamentos modernos, viaturas renovadas e a aproximação com a sociedade fazem diferença no trabalho diário”, observou.
A feira reuniu dezenas de empresas responsáveis por apresentar equipamentos, softwares e soluções utilizados no combate à criminalidade. Entre elas, Raytec, Algemas Brasil, Grupo Tracker, Gerensat, Tecnorisk e PositivoSeg, além dos estandes institucionais da Polícia Militar, Polícia Civil, Guarda Municipal de Curitiba e PRF.
Para Julio Reis, a participação expressiva do setor privado reforça a preocupação crescente com segurança no país.
“O crime usa tecnologia. Não podemos ficar para trás. O evento reuniu quem tem a demanda por segurança, como transportadoras e indústrias, e quem fornece respostas técnicas para isso. Foi um encontro qualificado, que mostrou que inovação e prevenção caminham juntas”, afirmou.
Reis lembrou que o aumento de roubos de cargas e crimes patrimoniais exige novas ferramentas e cooperação entre os diferentes segmentos. Palestras sobre fraudes bancárias, adulteração de fertilizantes, infiltração do crime organizado em empresas e uso de IA em investigações chamaram a atenção do público.
“A criminalidade impacta diretamente o setor produtivo e, por consequência, toda a sociedade. Debater esses temas é essencial para que possamos avançar”, destacou.
A programação do Fórum de Inovação incluiu debates com especialistas de renome nacional. Delegados, secretários estaduais, investigadores e pesquisadores apresentaram experiências e estratégias para o enfrentamento do crime organizado, roubo de cargas, fraudes e violência urbana.
Entre os destaques esteve a participação do delegado Fabrício Oliveira, chefe da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) do Rio de Janeiro, que compartilhou a experiência das megaoperações realizadas recentemente nas comunidades da Penha e Alemão.
“Essa troca de experiências é fundamental para entendermos realidades distintas e compartilharmos soluções que façam diferença no dia a dia. No Rio de Janeiro, lidamos com um cenário muito complexo, marcado pelo domínio territorial armado de grupos criminosos extremamente violentos. Isso afeta diretamente os crimes patrimoniais, como roubos de veículos e de cargas, porque os criminosos se aproveitam dessas áreas como refúgio e ponto de escoamento. Trazer essa realidade para debate ajuda outros estados a compreenderem a dinâmica do crime organizado, que hoje não conhece fronteiras. Tenho certeza de que essa integração é valiosa para todos — ela amplia capacidades, melhora diagnósticos e fortalece as respostas que entregamos à sociedade”, destacou.
A FEISEG também sediou o Encontro Estadual das Guardas Municipais, reunindo agentes de diversos municípios paranaenses que puderam conhecer novas ferramentas de monitoramento, gestão e patrulhamento. Segundo a organização, a presença das guardas demonstra a relevância crescente da segurança municipal e seu papel na prevenção.
O formato da feira permitiu que representantes da indústria, transporte e logística circulassem pelos estandes e conhecessem soluções aplicáveis ao seu cotidiano. Empresas interessadas em reduzir perdas, aprimorar processos e proteger colaboradores puderam visualizar, na prática, tecnologias já utilizadas por forças policiais.
Em uma das palestras que abordou o uso de Inteligência Artificial na segurança, o gerente comercial da PositivoSeg destacou os problemas e soluções existentes na área.
“O maior desafio das cidades hoje não é a falta de equipamentos, mas a desconexão entre eles. Temos câmeras, sistemas e dados, mas sem integração não existe inteligência – e sem inteligência não há prevenção. Nosso objetivo é justamente transformar essa realidade, aproveitando o parque instalado, unificando informações e permitindo que as forças de segurança atuem de forma proativa. Quando a tecnologia conversa, o tempo de resposta cai, a eficiência aumenta e o investimento público passa a gerar resultados reais para a sociedade”, explicou.