O governador Carlos Massa Ratinho Junior assumiu nesta terça-feira (16), pela segunda vez, a presidência do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul). A troca de comando ocorreu durante reunião realizada no Palácio Iguaçu, em Curitiba, e marca o retorno do Paraná à liderança do colegiado, após o governador ter ocupado o cargo entre 2021 e 2022. Desta vez, Ratinho Junior sucede o governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel.
O encontro reuniu os governadores dos quatro estados que integram o Codesul. Eduardo Leite e Eduardo Riedel participaram remotamente. A reunião teve como foco a apresentação dos principais avanços dos grupos de trabalho ao longo dos últimos dois anos, além da definição de prioridades para o próximo período.
Entre os temas centrais debatidos estiveram a criação do Fundo Sul, a integração de ações de segurança pública e o fortalecimento dos investimentos conjuntos para adaptação às mudanças climáticas.
Ratinho Junior destacou a importância da atuação integrada dos estados do Sul e do Mato Grosso do Sul, especialmente em áreas estratégicas como segurança pública e desenvolvimento regional.
“Nós já temos um alinhamento com os quatro estados para fazer um trabalho conjunto, tanto na parte de inteligência quanto na política de fronteiras e divisas. Isso tem dado muito resultado. O Paraná está no menor índice de criminalidade da sua história nos últimos 20 anos, o que ajuda a avançar essa sinergia entre as nossas polícias e o planejamento de fronteira”, afirmou.
Uma das prioridades da nova gestão à frente do Codesul será dar sequência à articulação para a criação do Fundo Sul. O mecanismo busca garantir melhores condições para o desenvolvimento dos estados da região, especialmente dos municípios com menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH).
A proposta segue modelo semelhante aos fundos já existentes nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, com o objetivo de reduzir desigualdades econômicas e sociais.
“É uma forma de corrigir uma distorção histórica do País. As regiões Sul e Sudeste ficaram descobertas desses fundos de desenvolvimento. Com essa proposta de emenda constitucional, podemos avançar para criar um instrumento que permita recursos expressivos para projetos de desenvolvimento econômico e social”, salientou Ratinho Junior.
A Proposta de Emenda à Constituição já foi protocolada no Congresso Nacional. O texto propõe alterar o artigo 159 da Constituição Federal para destinar percentuais da arrecadação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados à constituição de fundos próprios de financiamento para as regiões Sul e Sudeste.
Os recursos deverão ser aplicados em programas de desenvolvimento, infraestrutura, inovação, cadeias agroindustriais e ações essenciais de segurança pública.
Para análise da proposta, a Câmara dos Deputados criou uma comissão especial, presidida pelo deputado federal Valdir Cobalchini. Ratinho Junior ressaltou que a criação do Fundo Sul é uma demanda antiga dos estados da região e que houve avanços importantes ao longo de 2025.
“Hoje está criada a comissão de análise do projeto para a gente avançar e, em breve, votar isso no Congresso Nacional. O Fundo é um desejo antigo dos quatro estados e vai permitir que o Sul tenha o mesmo direito que outras regiões do Brasil já possuem”, pontuou.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, destacou a importância da criação do Fundo Sul para equilibrar o tratamento dado às diferentes regiões do País.
“A forma como a União trata a região Sul não é leal quando comparada a outras regiões. Não se trata de tirar nada de ninguém, mas de garantir que, se há gestos e instrumentos para outras regiões, eles também existam para a nossa”, disse.
Além do Fundo Sul, os governadores avançaram na consolidação do Sistema Integrado para Adaptação às Mudanças Climáticas. Durante a reunião, foi assinado um termo entre os governos estaduais que autoriza o início da contratação de uma consultoria especializada para o projeto.
A iniciativa prevê a integração de sensores, radares, satélites e estações de monitoramento, além da troca de informações em tempo real para resposta rápida a eventos extremos. A expectativa é iniciar a licitação para contratação da empresa em janeiro de 2026.
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, destacou que a estrutura conjunta vai qualificar a resposta dos estados diante de desastres naturais.
“A integração dos quatro estados faz com que toda ação seja mais coordenada e inteligente. Já existe ajuda mútua, mas agora estamos montando uma estrutura permanente para que, quando acontecer um desastre, haja uma resposta à altura, com sistemas integrados”, afirmou.
Na área da segurança, o grupo apresentou duas propostas para ampliar a integração entre as forças dos estados. A primeira é a criação de um cadastro unificado de condenados por crimes de pedofilia, estupro e feminicídio.
A segunda proposta prevê a formação de um grupo de estudos para a integração das bases de dados de segurança pública entre os estados.
O encontro também contou com apresentações dos resultados do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), que atende os quatro estados, e do mapa do planejamento de longo prazo estabelecido para o colegiado, a Visão Regional 2040, que reúne 65 indicadores e metas.
Também foram discutidos temas recentes considerados prioritários, como as dificuldades do setor leiteiro, que tem peso econômico relevante para os estados do Sul.
O governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, ressaltou a importância dos grupos de trabalho e da visão de longo prazo construída de forma coletiva.
“São temas extremamente relevantes para os estados, que se debruçaram sobre eles para apresentar os avanços e encaminhamentos. Esse trabalho traduz bem o que almejamos para o futuro: bem-estar da sociedade, eficiência na gestão pública e desenvolvimento regional”, afirmou.