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Comunicação em 2026: quando a tecnologia fica invisível

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Foto: freepik

Quem acompanha de perto a evolução da comunicação empresarial percebe que o debate mudou de patamar. A pergunta já não é mais qual ferramenta usar, mas como as organizações estão se comportando diante de um ambiente cada vez mais automatizado, fragmentado e exigente.

Os sinais que vêm se consolidando no mercado apontam para uma conclusão clara: a principal tendência da comunicação para 2026 não é tecnológica, é comportamental.

A tecnologia amadureceu e, justamente por isso, deixou de ser protagonista. O centro da estratégia volta a ser ocupado por coerência, confiança e capacidade de gerar valor real em cada ponto de contato.

1. IA como infraestrutura silenciosa

A inteligência artificial já não opera mais como novidade. Em 2026, ela se consolida como infraestrutura. Invisível, integrada e indispensável.

Dados do relatório Kantar Marketing Trends 2026 mostram que 24% dos usuários de IA já utilizam assistentes de compras baseados em inteligência artificial, o que muda profundamente a lógica da comunicação e da visibilidade das marcas.

Isso significa que comunicar bem passa a envolver não apenas pessoas, mas também sistemas inteligentes que filtram, recomendam e tomam decisões.

O papel da comunicação, nesse contexto, deixa de ser operacional. Com a automação resolvendo rotinas, o diferencial passa a ser estratégico, cultural e humano.

2. Dados, contexto e personalização responsável

A hiperpersonalização avança, mas não como um exercício técnico isolado. Ela depende de dados integrados, leitura de contexto e respeito ao consumidor.

Pesquisas internacionais indicam que 75% dos líderes de PR devem aumentar os investimentos em dados até 2026, reforçando que informação passa a ser insumo central da comunicação estratégica.

Ao mesmo tempo, cresce a exigência por transparência. Personalizar não é invadir.

Em 2026, relevância e ética caminham juntas. Empresas que tratam dados como ativo de confiança, e não apenas como recurso comercial, tendem a construir reputações mais sólidas.

3. Omnichannel deixa de ser diferencial

A integração entre canais deixa de ser inovação e passa a ser padrão mínimo. O público não diferencia redes sociais, e-mail, WhatsApp, site ou experiência física. Tudo compõe a mesma jornada.

Esse movimento é reforçado pela realidade da conectividade no país. Segundo dados da Qi Mercado, o Brasil já ultrapassou 217 milhões de conexões móveis em 2025, com quase 97% delas em banda larga.

A comunicação, portanto, precisa funcionar de forma fluida, móvel e contínua.

4. Autenticidade com evidência

Em um ambiente saturado por conteúdos automatizados, a autenticidade se torna um ativo raro. O Kantar Marketing Trends 2026 aponta que 65% das pessoas valorizam empresas que promovem diversidade e inclusão, número que vem crescendo de forma consistente desde 2021.

Ao mesmo tempo, o mercado desenvolveu baixa tolerância a discursos vazios. A comunicação de 2026 é menos sobre prometer e mais sobre demonstrar o que já está sendo feito.

Estudos do Ceaec, think tank da Aberje em parceria com a FGV-Rio, reforçam o papel central da comunicação na construção, manutenção e recuperação da confiança, especialmente em cenários de crise.

5. Comunidades, creators e confiança

O marketing de influência segue relevante, mas passa por uma reconfiguração.

Segundo a Kantar, 61% dos profissionais de marketing pretendem aumentar investimentos em creators em 2026, enquanto 36% reconhecem o poder do conteúdo gerado por usuários (UGC) como vetor de credibilidade.

O dado mais revelador, porém, está no desalinhamento: apenas 27% do conteúdo de creators hoje tem forte ligação com as marcas. Isso reforça uma tendência clara.

O valor não está no alcance massivo, mas na capacidade de construir vínculos genuínos com comunidades menores e mais engajadas.

6. Conteúdo polarizado: curto ou profundo

O consumo de conteúdo se polariza. Microformatos atendem a uma atenção cada vez mais fragmentada, enquanto conteúdos profundos sustentam autoridade. O meio-termo genérico perde espaço.

Essa dinâmica explica por que 73% das empresas pretendem manter ou ampliar investimentos em agências de comunicação em 2026, segundo a pesquisa PR Scope Brasil 2025/26, da Scopen.

A demanda cresce não por volume, mas por inteligência, inovação e impacto reputacional.

7. Comunicação como vetor de resultado

Boa comunicação não é apenas reputação. É negócio.

Estudos citados por The Corporate Communications Services indicam que experiências comunicacionais bem estruturadas podem potencializar vendas em mais de 25%.

Não por acaso, a Dentsu projeta que quase 60% dos investimentos publicitários já são controlados por algoritmos, com potencial de chegar a 79% até 2027.

Nesse cenário, a clareza estratégica da comunicação se torna ainda mais decisiva.

8. O comportamento como vantagem competitiva

O recado é direto: a tecnologia segue avançando, mas se torna cada vez mais silenciosa.

O que diferencia marcas relevantes não é o nível de automação, mas a capacidade de manter humanidade, ética e coerência em um ambiente altamente tecnológico.

Em 2026, comunicar bem será menos sobre ferramentas e mais sobre postura organizacional. E essa é uma vantagem competitiva que nenhuma tecnologia entrega sozinha.

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Editora-chefe do Economia PR. Fundadora da BASIS Comunicação. Community Manager. Acelerada Camila Renaux. Consultoria em Comunicação Estratégica. Prêmio Sangue Bom de Jornalismo (SINDIJOR PR 2014)

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