O Paraná segue se destacando no cenário econômico nacional em 2025, com crescimento consistente acima da média do país e investimentos públicos robustos que impulsionam setores estratégicos.
O Produto Interno Bruto (PIB) do estado avançou 5% no primeiro trimestre, enquanto a atividade econômica cresceu 6,9% nos cinco primeiros meses do ano, o maior ritmo do Brasil, sustentada pela agropecuária, indústria e comércio varejista.
Nesse contexto de expansão, os representantes comerciais ganham protagonismo como elo essencial entre empresas e mercados, movimentando mais de R$ 110 bilhões ao ano e respondendo por 17% do PIB estadual.
Para entender os desafios, oportunidades e tendências que marcam a atuação desses profissionais e o papel do CORE-PR na capacitação e regulação da categoria, conversamos com Paulo Nauiack, diretor-presidente da entidade.
Neste Economia PR Drops, ele detalha setores com maior demanda, a importância da formalização, o impacto da tecnologia e os investimentos que fortalecem a interiorização da representação comercial no Paraná. Confira:
O Paraná tem apresentado um crescimento econômico acima da média nacional em 2025. Como esse bom desempenho da economia contribui para a expansão do mercado de representantes comerciais no estado?
Paulo: Cada nova porta que se abre no Paraná — seja a instalação de indústrias, a ampliação de processos produtivos, o crescimento do comércio e dos serviços, a força do turismo, a abertura de uma porteira no agro ou até mesmo a exploração mineral — representa também uma oportunidade para a representação comercial. O Estado vive um momento de franca expansão, que evidencia o quanto a atividade do representante comercial é estratégica para acompanhar esse movimento. Cabe a esses profissionais não apenas atender à demanda das novas empresas que chegam, mas também levar seus produtos e serviços para todo o País e, em muitos casos, para o mercado internacional. A representação comercial se consolida, assim, como um elo essencial na engrenagem do desenvolvimento. E talvez aí esteja seu maior encanto: as oportunidades são sempre de mão dupla, beneficiando tanto quem produz quanto quem consome.
Quais setores econômicos do Paraná, como a indústria, o comércio varejista e a agropecuária, geram maior demanda por profissionais de vendas e representantes comerciais? O CORE-PR percebe diferenças no perfil e nas necessidades desses setores?
Paulo: Seis em cada dez representantes comerciais no Paraná atuam com mais de uma empresa representada, revelando um perfil de profissionais multifacetados e com forte inserção em diferentes setores da economia. Entre os segmentos que mais demandam esse tipo de atuação, o destaque fica para o setor de eletro, móveis e artigos para casa, que reúne entre 22% e 25% dos representantes no estado. Na sequência aparece o agronegócio, com cerca de 20% voltados a materiais agrícolas e insumos. Já o setor de alimentos e bebidas ocupa a terceira posição, superando a marca de 15%. Esses números mostram que, embora a representação comercial esteja presente em praticamente todos os ramos da economia, são esses três setores que concentram a maior parte da demanda e revelam onde estão as principais oportunidades para os profissionais da área.
O governo estadual tem ampliado investimentos públicos em infraestrutura e outros setores estratégicos. Como esses investimentos impactam o mercado de trabalho no setor comercial e a atuação dos representantes comerciais?
Paulo: O Governo do Paraná tem trabalhado de forma consistente para interiorizar o desenvolvimento econômico, buscando levar oportunidades para além da capital e da Região Metropolitana de Curitiba. Essa estratégia combina incentivos tributários, políticas de atração de investimentos e uma forte aposta em infraestrutura. O setor agroindustrial segue como protagonista nesse processo, mas a indústria também ganha espaço, em um movimento planejado que valoriza a capilaridade e a transversalidade do crescimento. O objetivo é claro: estimular a instalação de novas empresas, fortalecer cadeias produtivas e garantir equilíbrio no desenvolvimento regional. Os investimentos em rodovias, logística e energia têm gerado impacto direto na fixação da população em pequenas e médias cidades. Isso se reflete no crescimento do comércio, dos serviços e do turismo, ampliando a circulação de renda e promovendo a dinamização econômica em diversas regiões. Apesar dos avanços, os números da representação comercial ainda revelam forte concentração na capital e no entorno de Curitiba. Esse cenário mostra o desafio de expandir a presença de profissionais da área para o interior, alinhando a força da representação comercial ao movimento de descentralização econômica promovido pelo governo.
A formalização do trabalho comercial é enfatizada pelo CORE-PR como um diferencial importante. Como a regularização e a qualificação profissional contribuem para garantir emprego e estabilidade em meio às variações econômicas do estado?
Paulo: Ótima pergunta, pois trata justamente da regulamentação profissional. A Lei nº 4.886, de 1965, regulamenta a profissão de representante comercial. Mais do que isso, funciona como um verdadeiro balizador, garantindo equilíbrio nas relações entre representantes e representadas. Podemos dizer que é o principal instrumento jurídico que assegura a solidez e a consistência desses contratos, promovendo uma relação mais justa e transparente para ambos os lados. No entanto, para que essa regulamentação se traduza em oportunidades reais, é fundamental que os representantes comerciais invistam em capacitação constante, aprendizado permanente e, sobretudo, no uso de novas tecnologias. Esses fatores ampliam a competitividade, fortalecem a profissão e asseguram que o representante esteja preparado para atender às demandas de um mercado em constante transformação.
A digitalização dos processos comerciais é uma realidade crescente. Como o CORE-PR tem ajudado os representantes comerciais a se adaptarem a essas transformações tecnológicas, especialmente em um mercado econômico competitivo?
Paulo: A tecnologia chegou de forma avassaladora. Não podemos esperar para nos adaptar, precisamos ser proativos: buscar novas competências, dominar o mundo digital e usar as ferramentas que já estão ao nosso alcance. Se não encararmos essas mudanças, corremos o risco de perder competitividade em um mercado cada vez mais intenso e volátil. O bom representante comercial sempre esteve na linha de frente, puxando a atividade econômica e agora, mais do que nunca, precisamos estar atentos e preparados para acompanhar as transformações que o mercado nos impõe. Nós últimos 12 meses oferecemos algumas oportunidades com palestras e seminários em algumas regiões do Paraná. Estamos finalizando um projeto de palestras e possivelmente um game, voltado ao Representante Comercial, e que vai permitir o treinamento em algumas destas competências, de maneira mais lúdica.
Considerando o cenário atual e as perspectivas de crescimento do Paraná, quais são as maiores oportunidades para os representantes comerciais se destacarem e contribuírem para o desenvolvimento econômico regional?
Paulo: O bom representante comercial precisa estar atento a tudo que acontece ao seu redor. As oportunidades são muitas. Podemos observar, por exemplo, programas de Estado como o Paranatrifásico, a eletrificação rural e as mudanças que aproximam o homem do campo de suas atividades produtivas. No cenário econômico, vemos novas plantas industriais surgindo, a transformação da proteína vegetal em proteína animal, e a proteína animal sendo processada, embalada e comercializada. As oportunidades estão em todos os setores: da infraestrutura ao saneamento básico, da construção civil à produção agropecuária. O Paraná cresce acima dos índices nacionais, mostrando a força do nosso Estado e o quanto ainda podemos avançar.
Quais desafios econômicos o setor comercial e os representantes comerciais enfrentam no Paraná em 2025, e como o CORE-PR tem atuado para apoiar seus profissionais diante desses desafios?
Paulo: Os desafios enfrentados pela representação comercial no Paraná não diferem daqueles observados em outras regiões do País. A taxa de juros extremamente elevada permanece como ponto de atenção, especialmente para um setor que depende de investimentos em áreas estratégicas, como a expansão industrial, o avanço tecnológico e o agronegócio. Com patamares de juros em torno de 15% ao ano, muitas vezes torna-se mais atraente a atividade de rentista, em detrimento de investimentos produtivos. Ainda assim, a solidez de determinados segmentos e a aceleração promovida pelo agronegócio e pela agroindústria mantêm o crescimento do mercado paranaense em ritmo constante. Esse cenário oferece grandes oportunidades na busca por novos mercados e no fortalecimento da representação comercial. Cabe a nós acompanhar atentamente esses movimentos, identificar novas oportunidades e, sobretudo, observar a chegada de novos concorrentes. Nesse contexto, torna-se essencial apoiar o setor, promovendo competências e capacitação, mas, acima de tudo, assegurando a fiscalização e o equilíbrio nas relações entre representantes e representadas.
Em sua visão, como a atuação dos representantes comerciais pode contribuir para o fortalecimento da economia paranaense nos próximos anos, especialmente em um contexto de recuperação e crescimento sustentado?
Paulo: O Representante Comercial é sempre o primeiro elo na relação entre empresas que chegam ao nosso Estado e ao País em busca de oportunidades. Essas empresas procuram se cercar de profissionais que conhecem o mercado local. Da mesma forma, muitas das empresas que representamos, originárias do Paraná e interessadas em atuar no mercado externo, também nos abrem novas perspectivas. Estar atento e acompanhar essas movimentações, em especial as ações de governo, é fundamental para que possamos seguir o ritmo do desenvolvimento. Hoje, a representação comercial no Paraná responde por 17% da movimentação do PIB estadual. Isso representa mais de R$ 110 bilhões ao ano. Temos potencial, capilaridade e capacidade de oferecer as melhores oportunidades a todos que desejam acessar nossos mercados. Somos a porta de entrada para empresas que chegam e a oportunidade de saída para produtos e serviços que ganham o mundo.