A busca por energia limpa chegou de vez ao setor público. Dados da ABSolar mostram que hoje, mais de 15 mil imóveis da administração pública utilizam energia solar. E não é só a pesquisa que mostra isso. Na prática esse impacto vem sendo sentido também pelas empresas que atuam na área de operação e manutenção de usinas fotovoltaicas.
É o caso da L8 Energy, empresa curitibana que há oito anos atua no mercado de distribuição e industrialização de sistemas fotovoltaicos e que também atua no mercado de operação e manutenção de usinas. Atualmente a empresa possui oito contratos públicos.
“Muitos municípios no Paraná licitam usinas solares com o objetivo de reduzir o custo de energia. Alguns deles receberam o apoio do programa Itaipu Mais que Energia e é possível sentir que cada vez mais a energia solar vem sendo uma busca no setor público, seja como forma de economia, que pode chegar a 95%, seja como forma de gerar uma energia mais limpa e sustentável”, conta Leandro Kuhn, CEO da L8.
O programa Itaipu mais que Energia que Kuhn cita é uma iniciativa da Itaipu Binacional, que destina aos 399 municípios paranaenses e mais 35 do Mato Grosso do Sul repasses de R$ 931,5 milhões para a implantação de projetos que atuem em pelo menos um dos quatros eixos de atuação: manejo de água e solo; saneamento ambiental; energia renovável; e obras sociais, comunitárias e de infraestrutura.
“Existe um esforço hoje de diversas entidades e da administração pública também de buscar alternativas mais sustentáveis para que as cidades consigam reduzir os impactos causados no meio ambiente”, diz o CEO.
O custo de instalação de painéis fotovoltaicos nesses contratos é de aproximadamente R$1 mil por painel, mas depende do tipo de instalação.
“Alguns prédios públicos possuem espaço para a instalação de usinas no telhado. Em outros, só é possível a instalação dos painéis no solo. Então os valores acabam sendo analisados caso a caso. De qualquer forma, o retorno é rápido e duradouro. É uma medida de economia a médio prazo, mas muito eficiente”, diz Leandro.
Foi o caso do município de São Miguel do Iguaçu, no interior do Paraná. A cidade, que possui cerca de 30 mil habitantes, contém hoje duas usinas solares localizadas em pontos estratégicos da cidade, e a aquisição das usinas veio através de um convênio com o programa da Itaipu.
“Começamos a operar recentemente com as placas fotovoltaicas, e nosso plano é distribuir a energia gerada, que será estimada de 13 mil kW por cada usina, para os mais diversos prédios da administração municipal”, diz o diretor de meio ambiente da Prefeitura Municipal de São Miguel do Iguaçu, Andryws Rafael Gois.
O diretor conta que o convênio com a Itaipu contemplou 85% do valor da instalação das usinas, e 15% foi contrapartida da própria prefeitura.
“A estimativa de economia para os cofres públicos é de até R$ 24 mil por mês. Com isso, conseguimos reverter esses valores para diversos outros benefício da população, então nossa análise do uso de energia solar é bem positiva nesse sentido”, diz ele.
A regulação do mercado livre de energia vem impulsionando o setor e hoje, não é só a administração pública que vem buscando cada vez mais essa alternativa. Com a expansão da energia solar centralizada, foi possível abrir mercado para empresas atuarem na operação e manutenção de usinas.
“Muitas empresas já perceberam as vantagens econômicas e ambientais dos sistemas fotovoltaicos e, por isso, nos últimos anos tivemos um crescimento exponencial na quantidade de usinas de até 5 MW instaladas em todo o país. Muitas vezes, as usinas são buscadas tanto para reduzir os custos operacionais das companhias quanto por investidores que pretendem comercializar a energia”, explica Leandro.
No entanto, ainda segundo o levantamento da ABSolar, apesar dos cerca de 15 mil imóveis que utilizam energia solar, os prédios públicos ainda representam apenas 0,3% dos sistemas fotovoltaicos instalados no Brasil e 1,2% dos estabelecimentos beneficiados.
“O dado ainda é baixo e pode com certeza melhorar. Cada vez mais as cidades precisarão pensar em energia renovável. E quando ela estiver aliada à economia, é ainda mais um benefício. Ainda temos um longa jornada, mas estamos no caminho”, finaliza Leandro.