A agenda climática é global, e o Brasil se posiciona como provedor de soluções que demandam olhar econômico, tecnológico, social e ambiental. As discussões em torno do ESG cresceram de forma significativa nos últimos anos, estimuladas por iniciativas como o Fórum LIDE Paraná de Sustentabilidade.
A quarta edição do evento reuniu lideranças da cena de negócios em Curitiba, para debater e compartilhar boas práticas envolvendo ações ambientais, sociais e de governança.
“Neste ano, escolhemos prestigiar e privilegiar cases locais, com soluções que podem otimizar e somar às iniciativas que já estão acontecendo aqui no Paraná. Trazemos ao palco uma visão mundial sobre a agenda, aliada aos grandes cases de sucesso do nosso Estado, mostrando que o Paraná está na vanguarda das práticas sustentáveis no Brasil”, destacou a presidente do LIDE Paraná, Heloisa Garrett, que complementou: “O nosso objetivo é evidenciar que a sustentabilidade não é um custo, mas um investimento inteligente, que fortalece marcas, atrai talentos e gera resultados concretos para a longevidade das empresas”.
A ex-ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Izabella Mônica Vieira Teixeira, abordou algumas expectativas para a COP30, que pela primeira vez tratará as mudanças climáticas como algo que já faz parte do presente.
“O Brasil se coloca como potencial provedor de soluções climáticas, que demandam não apenas a regulação dos mercados, mas sim a criação de novos mercados”, afirmou a autoridade em planejamento ambiental.
O encontro solidificou caminhos para uma bioeconomia rentável e sustentável com base em iniciativas locais, como o Protocolo de Carbono e Neutralidade apresentado pela coordenadora de ESG da Arauco Brasil, Maíra Pereira. Ao realizar o balanço de carbono, a empresa filtrou mais de 22 milhões de toneladas de CO² da atmosfera, entre 2018 e 2022.
“Buscamos processos de eficiência operacional para fazer mais com menos”, declarou Maíra, que também abordou o uso de energia de forma inteligente a partir da biomassa.
As discussões sobre transição energética passaram pelos usos de combustíveis fósseis, biogás, biometano e hidrogênio, além da energia elétrica.
“Nós temos um olhar estratégico para a transição energética no Paraná”, enfatizou o superintendente Geral de Gestão Energética do Governo do Paraná, Sandro Vieira.
O estado já trabalha com usinas reversíveis, que utilizam o bombeamento da água para armazenar energia em períodos de baixa demanda. Também foram destacadas políticas públicas de estímulo a temas ligados ao biogás e ao biometano.
“Olhamos o tema da transição energética como uma emergência climática. E entendemos neste cenário que a valorização dos resíduos é fundamental”, explicou o superintendente.
Soluções de gestão de resíduo foram apresentadas pelo engenheiro ambiental e responsável técnico do Grupo KWM, Leon Miecoanski, com o projeto ReVeste que recicla resíduos têxteis; a diretora do Grupo Reciclex, Fernanda Faret, apresentou cases sobre compostagem, gestão de efluentes, controle de emissão de gases e processos eficientes de economia circular.
Os outros dois pilares do ESG fizeram parte do debate. Iniciativas como o Catadores de Futuro, idealizado pela empresária Solange de Freitas, o Projeto Aprova, representado pelo gerente de iniciativas sociais do Grupo Gerar, Décio Freitas de Souza, e o Tempo de Aprender, apresentado pela coordenadora de projetos (sul e sudeste) na Estre Ambiental, Heloize Souza, proporcionam novas oportunidades e cidadania a partir da educação.
O fórum chegou ao fim com uma palestra especial sobre a COP 30, com o secretário de Desenvolvimento Sustentável do Governo do Paraná, Rafael Greca, que destacou que o estado é o quarto mais sustentável do país. Ao abordar discussões sobre o mercado de carbono, a autoridade enfatizou:
“O Brasil na COP precisa ter uma posição jurídica de defesa do estoque de carbono”, e defendeu que a floresta em pé vale mais do que derrubada.
O secretário também apresentou cases que já geraram resultados, como o processo de descarbonização com a adoção de ônibus elétricos, e a adoção do sistema complementar de energia (eólica, hidrelétrica, metano e solar).
A conta de luz da prefeitura foi abatida em 60% após a instalação dos painéis solares na prefeitura, nos terminais e em restaurantes populares. Enquanto com apenas um ônibus elétrico evitou-se a emissão de 118,7 toneladas de CO² por ano, em média.
“Temos que mostrar para as outras nações que as energias sujas não estão aqui”, declarou Greca.