A trajetória de Giuliano Pilagallo é marcada por curiosidade, resiliência e movimento. De menino que desmontava motores a fundador do SmartMoov, construiu uma plataforma que une design, tecnologia e propósito para colocar os negócios — literalmente — em movimento.
Desde pequeno, Giuliano Pilagallo nunca se contentou em apenas observar. Em Curitiba, onde nasceu, desmontava carburadores de moto para entender como funcionavam. As mãos sujas de graxa e o olhar atento não eram só curiosidade — eram o início de um modo de viver: o de criar e transformar com as próprias mãos.
“Eu sempre gostei de entender o que estava por trás das coisas. De mexer, melhorar, refazer. Isso era mais do que curiosidade, era uma forma de enxergar o mundo”, lembra.
O fascínio por motores o levou naturalmente às pistas. Ainda adolescente, tornou-se campeão paranaense de kart e competiu com nomes como Tarso Marques e Ricardo Zonta. A velocidade virou linguagem, mas foi nas dificuldades que ele aprendeu o que mais usaria no futuro: a resiliência.
“O kart me ensinou tudo sobre vida e negócios. Nem sempre o carro é o melhor, às vezes o motor falha, o clima muda… e mesmo assim você tem que encontrar uma forma de seguir. É o que todo empreendedor vive.”
Mesmo quando a falta de patrocínio interrompeu o ritmo nas pistas, Giuliano não parou.
Voltou às garagens — lugar onde sempre se sentiu em casa — e começou a restaurar carros de luxo. Transformava Ferraris, Porsches e BMWs batidas em verdadeiras obras-primas. Depois vieram os barcos, os projetos de design e arquitetura, até chegar à criação de um espaço de eventos e gastronomia na Ópera de Arame, em Curitiba.
Foi ali, observando o vai e vem de milhares de pessoas que passavam pelo ponto turístico sem descer até o restaurante, que nasceu o embrião do SmartMoov.
“Um dia olhei aquele movimento e pensei: se as pessoas não vêm até o meu negócio, por que eu não posso levar o negócio até elas? E a ideia começou ali.”
Fundado oficialmente em 2019, o SmartMoov nasceu com uma proposta clara: criar uma plataforma capaz de levar qualquer tipo de operação a qualquer lugar.
Um modelo 100% elétrico, sustentável e inteligente, que une mobilidade, eficiência e design em um só formato.
Cada unidade é única. Pode ser um café, um ponto de venda, um consultório móvel ou um centro de serviços públicos. O conceito é o mesmo: flexibilidade total e impacto com propósito.
“O SmartMoov é uma base neutra. Ele se molda ao propósito de quem usa. É liberdade em forma de negócio”, resume.
A jornada, como em toda boa história empreendedora, teve curvas acentuadas. Durante a pandemia, Giuliano manteve a empresa com recursos próprios, sem abrir mão do propósito nem da inovação.
“Foi um período difícil, mas eu acreditava demais no que estava nascendo. Eu sabia que estava construindo algo que ainda ia fazer muito sentido para o mercado.”
Foi também nessa fase que o projeto ganhou força com o sócio de Giuliano na patente, Wellington Freitas — parceiro técnico presente desde o início do SmartMoov e responsável por transformar em engenharia cada ideia que nascia das conversas entre eles.
Juntos, consolidaram uma patente totalmente única e exclusiva, chancelada dois anos depois nos Estados Unidos e posteriormente no Brasil.
Wellington sempre trouxe uma sólida experiência técnica e industrial, enquanto Giuliano liderou todo o desenvolvimento de design e engenharia estrutural do projeto.
Foi ele quem idealizou e construiu o primeiro chassi, aprimorando-o com o apoio de outros profissionais até alcançar uma versão verdadeiramente disruptiva — um produto cuja forma no computador se traduz exatamente na realidade.
“Muitos veículos são lindos no conceito digital, mas perdem identidade quando saem do papel. O SmartMoov é o oposto — ele é fiel à ideia, fiel à essência”, explica Giuliano.
Hoje, o SmartMoov é uma das empresas mais promissoras no ecossistema de mobilidade comercial. Atua em setores diversos — alimentação, entretenimento, saúde, turismo e serviços — e já é parceira de grandes marcas. Um dos cases mais conhecidos é o ChilliMoov, desenvolvido em parceria com a Chilli Beans, que levou o conceito de loja móvel para o varejo de moda e acessórios.
Mas para Giuliano, o maior legado da empresa vai além da tecnologia.
“Tudo o que eu vivi está ali. O olhar de quem conserta o que está quebrado, o espírito de quem nunca desiste e a vontade de levar movimento aonde antes não existia.”
Atualmente, além de liderar a SmartMoov, Giuliano se prepara para voltar às pistas pela Porsche Cup 2026 — uma prova de que a velocidade continua sendo parte essencial da sua trajetória.
Ele gosta de dizer que pilota do mesmo jeito que empreende: com técnica, coragem e instinto.
“Eu continuo com o mesmo brilho nos olhos. Só mudei o tipo de motor”, brinca.
E talvez esteja aí o segredo de sua jornada: transformar movimento em propósito e seguir acelerando, dentro e fora das pistas
