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Como o media training transforma líderes em porta-vozes de marcas

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Foto: Antoniella Orlandi

Não é estranho encontrar alguém que tenha medo de falar em público. Estudos apontam que cerca de 75% das pessoas se sentem ansiosas ao enfrentar uma situação como essas. Aliás, segundo pesquisa do britânico Sunday Times, 41% dos 3 mil entrevistados têm mais medo de falar em frente de pessoas do que problemas financeiros, doenças e morte.

Mas falar em público é rotineiro na vida de lideranças. Conduzir reuniões, encontros, eventos e lidar com a imprensa são situações corriqueiras que exigem atenção e bom preparo – não só para superar o medo e a ansiedade, mas para saber se comunicar de forma assertiva.

E é exatamente nesse ponto que o media training se torna uma ferramenta fundamental. Ele prepara líderes para dominar as técnicas de comunicação que fortalecem sua imagem e a de suas marcas. O treinamento oferece estratégias para que essas lideranças se comuniquem com clareza, confiança e coerência, especialmente em momentos de exposição midiática ou em situações de crise, transformando-os em porta-vozes eficazes e seguros.

Para saber mais sobre o papel estratégico do media training para líderes, o Economia PR Drops conversou com a jornalista e especialista em negociação empresarial e Comunicação e Expressão, Georgia Pereira Hansen. Confira:

Quais são os maiores desafios que os empresários enfrentam ao lidar com a imprensa e a exposição pública?

Georgia: Administrar a imagem e a reputação de uma empresa, assim como a própria imagem profissional, tem sido um dos principais pontos apontados pelo mercado. Com tantas plataformas, canais, redes sociais e com “tantas vozes” falando na internet a qualquer momento, a imagem empresarial pode ser questionada ou difamada facilmente. Apesar deste cenário, muitos empresários ainda precisam quebrar paradigmas, ou seja, compreender que a exposição será inevitável, seja para provar o contrário, seja para apresentar evidências ou desmistificar uma informação errada. Portanto, estar bem preparado para esses momentos é estratégico, para não dizer essencial! Lidar com a imprensa e a exposição pública também requer análise, postura e treinamento. Quando se tem tempo para que esse desenvolvimento ocorra de forma programada e calculada, antes de qualquer acontecimento, a maturação do processo de exposição tende a ser melhor, tanto para a empresa quanto para os profissionais treinados.

Como o media training pode ajudar a construir a imagem de um empresário e da empresa que ele representa?

Georgia: É um treinamento que auxilia em como agir em várias situações que uma organização possa presenciar. Ressalta a importância da coerência de imagem corporativa e da mensagem que propaga, mostrando a o compromisso de uma postura correta com a sociedade. Mostra aos profissionais da organização como se dá uma relação de respeito com os órgãos de imprensa, grandes responsáveis pela formação da opinião pública. Nesse contexto, evidenciamos as técnicas de entrevista, a abordagem do conteúdo, as formas de condução de entrevistas (coletiva, individual, ao vivo, gravada), o entendimento do perfil do veículo de comunicação (rádio, TV, web) e seus prazos (que são diferentes dos prazos de uma empresa), dentre outros aspectos. Evidencia também o papel das redes sociais e como empresa e profissional podem fazer uso delas de maneira que respeite e reforce o profissionalismo, ao mesmo tempo em que possa ser uma fonte de coesão entre o que se “vende” como marca e o que se faz como profissional. Em suma, é um treinamento que coloca em jogo as habilidades cognitivas e emocionais do colaborador, fazendo com que o participante encontre a melhor forma de se expor e de expor a marca que representa, sem ferir os seus valores e princípios, assim como os da empresa onde atua.

Quais são as habilidades de comunicação mais essenciais que os empresários devem desenvolver?

Georgia: Comunicar-se bem é uma habilidade fundamental, e muitos gestores não dão o devido valor, por acreditarem que as habilidades técnicas e específicas do segmento de atuação são mais relevantes. Negligenciam a base de toda organização, que são as pessoas. E gerir pessoas é saber se expressar, é ter uma comunicação clara, segura e acessível. Para isso, é necessário desenvolver sua fala – sua dicção propriamente dita. Cercada de aspectos culturais, vícios de linguagem e até falta de percepção da própria respiração, ouvir bem o que o outro diz é básico para se iniciar uma relação de compreensão. Além disso, é importante aprender a adequar a linguagem aos diferentes contextos: em uma conversa com um colaborador, pode-se usar um vocabulário técnico; em uma apresentação para clientes, uma linguagem mais acessível. Ou seja, é saber modular a linguagem para ser compreendido. Aparecer com naturalidade diante de uma câmera, seja para uma entrevista, gravação ou evento corporativo, também amplia o leque de atuação, pois permite assertividade em mais essa modalidade. Escrever corretamente, sem erros e sem “firulas”, garante expressividade por meio da linguagem escrita. Contudo, de nada adianta manter uma postura considerada fraca com as palavras e achar que as pessoas não vão perceber você usando “ChatGPT”, por exemplo, naquele post longo no LinkedIn. Coerência na comunicação também reflete na sua imagem.

Em situações de crise empresarial, como o media training pode preparar o empresário para lidar com a mídia e evitar prejuízos à reputação da empresa?

Georgia: Gestão de crise é um dos principais pilares de um bom media training. Ela faz parte do plano de construção de uma imagem corporativa pautada na credibilidade e de maneira responsável. Dada a relevância social que a empresa ocupa, assim como o porta-voz desta, estar preparado tanto para bons momentos quanto para os de crise faz parte do processo de desenvolvimento da marca. Com essa clareza, é possível mapear os principais temas que podem trazer riscos à imagem da organização e simular essas situações em atendimentos à imprensa, entrevistas ao vivo e em contextos em que a comunidade externa exigirá um posicionamento dos líderes diante de fatos que impactem a sociedade.

O media training é prático, oferecendo aos profissionais a experiência de conceder entrevistas ao vivo ou gravadas, de estar capacitados para atender os veículos de comunicação quando acionados, de responder a perguntas complexas (sejam elas nas redes sociais ou da mídia), de esclarecer fatos sem expor a organização, e de ter informações coerentes com o que se deseja comunicar. Reforça ainda a importância de profissionais de comunicação com atuação direta em prol da empresa, que auxiliem na conexão com os veículos de comunicação e com a comunidade, trazendo celeridade, transparência e responsabilidade no posicionamento a ser feito.

No mundo das mídias digitais, como o media training deve se adaptar para preparar empresários a lidar com críticas e crises em redes sociais?

Georgia: As mídias trazem uma realidade dinâmica e em constante evolução, exigindo instantaneidade que desafia os profissionais e as empresas no tempo de resposta, além de reunir multidões virtuais por uma causa. É, literalmente, uma corrida contra o tempo. Contudo, defendo uma postura ativa e assertiva da empresa, mesmo que esse tempo não corresponda à instantaneidade que as redes sociais exigem. Posicionar-se de forma coerente e segura, buscando um equilíbrio entre a imagem da empresa e a necessidade do apelo social, é fundamental. Mais uma vez, ter um plano de gestão de crise é essencial. Um media training contemporâneo traz ao porta-voz e aos participantes do treinamento casos reais sobre como se posicionar e agir nas redes sociais diante dos desafios de cada contexto. Ninguém espera ou deseja que algo aconteça para afetar a imagem e a reputação da organização, mas ninguém está livre disso. Portanto, é necessário se adaptar à possibilidade de gerir uma crise em tempo real.

Quais são as principais tendências que você vê no media training para empresários, especialmente com a crescente demanda por transparência e autenticidade na comunicação?

Georgia: O que vejo como tendências:

  • Adaptabilidade: O media deve estar alinhado à realidade do empresário e do negócio, com exemplos reais e resultados tangíveis, aproximando a linguagem do treinamento à do negócio para maximizar o aprendizado.
  • Postura empática: Escutar o público transmite confiança, equilibrando autoridade e uma visão humana para as questões sociais, especialmente em tempos de incerteza.

  • Ter mais de um porta-voz: Preparar colaboradores para se desenvolverem como porta-vozes é benéfico tanto para eles quanto para a empresa. Isso assegura que, diante da ausência de um porta-voz, outro esteja preparado para atender às demandas.

  • Transparência: Media training não é entretenimento; trata-se de construir uma postura confiável perante a sociedade e saber conduzir situações da melhor maneira possível.

  • Overdelivery: Mostrar como o treinamento capacita, traz segurança, autonomia e credibilidade para a empresa é uma tendência que agrada, promovendo o fortalecimento da marca.

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