Por Emerson Martens, sócio fundador e CEO da empresa de tecnologia e inovação Bindflow
Nos últimos anos, o home office foi o modelo de trabalho predominante em muitas empresas, depois o formato híbrido passou a ser adotado até que, em 2024, diversas organizações começaram a retomar o formato 100% presencial.
Segundo o estudo da Robert Half, 35% das empresas brasileiras retomaram o regime presencial no último ano, impulsionadas pela necessidade de fortalecer a cultura corporativa, melhorar a colaboração entre as equipes e aumentar a eficiência operacional.
Esse movimento tem gerado debates sobre o impacto na produtividade, na comunicação interna e, principalmente, no bem-estar dos colaboradores.
E os primeiros resultados da volta ao escritório já começam a aparecer. É perceptível o aumento da produtividade e desempenho geral dos times.
A resolução de problemas ficou mais ágil, visto que a troca de ideias acontece de maneira espontânea, além de reduzir os ruídos de comunicação, comuns em chamadas virtuais. É visível como a dinâmica presencial proporciona um maior engajamento, fator que impacta diretamente a motivação e a entrega.
Outro ponto fundamental é a sinergia entre os colaboradores. As interações espontâneas, que antes ocorriam naturalmente no ambiente de trabalho, haviam sido limitadas no modelo remoto.
Agora, percebemos que a criatividade e a inovação emergem com fluidez, fortalecendo a capacidade de encontrar soluções para desafios complexos.
O olho no olho permite que as mensagens sejam compreendidas de forma clara, reduzindo a necessidade de longas explicações e evitando falhas de interpretação.
Além dos benefícios na produtividade, o retorno ao escritório também estimulou a construção dos relacionamentos interpessoais. A colaboração foi potencializada, o que reforça uma cultura organizacional mais unida e transparente.
Projetos multidisciplinares ganharam mais eficiência, pois a interação direta entre os times facilita a troca de conhecimentos e acelera a tomada de decisões. Empresas como Google e Amazon já indicaram que o trabalho presencial é essencial para inovação e criação de novas soluções.
No entanto, tal como qualquer circunstância, a retomada presencial também apresenta seus contratempos. Em minha experiência, notei que esse movimento exige um planejamento detalhado e demanda uma maior capacidade de adaptação, tanto da empresa quanto do funcionário.
Isso porque voltam os deslocamentos, a necessidade de reestruturar a rotina e manter o equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
De acordo com uma pesquisa realizada pela PwC, 30% dos empregados enfrentam desafios para adaptar sua rotina ao retorno presencial, o que reforça a importância da adoção de estratégias focadas no bem-estar dos funcionários.
Para amenizar esses efeitos, é possível adotar algumas ações, como horários adaptáveis e um ambiente que valoriza o bem-estar.
Um exemplo disso seria disponibilizar uma geladeira com várias bebidas para os funcionários nas sextas-feiras, para fomentar a interação e o fortalecimento das relações interpessoais, além de proporcionar um momento de relaxamento após uma semana exaustiva de labor.
Gradualmente, a resistência inicial dá lugar à compreensão das vantagens do modelo presencial.
Creio que, a longo prazo, as organizações que investirem em um ambiente de trabalho que promova o aprendizado, a partilha de experiências e a inovação obterão uma vantagem competitiva, independentemente do modelo escolhido.
Ainda é prematuro afirmar que o formato 100% presencial retornará como norma em todos os setores. No entanto, áreas que necessitam de grande cooperação e criatividade, como tecnologia e inovação, tendem a se mover para modelos híbridos ou majoritariamente presenciais. O contato pessoal entre os profissionais produz efeitos positivos que são difíceis de serem reproduzidos no trabalho à distância, e essa visão pode reformular o futuro do emprego nos próximos anos.
