Flávia Jeanne Ferrari é professora do curso de graduação de Direito em uma faculdade no Paraná e faz parte do grupo de docentes que têm utilizado a inteligência artificial na prática do ensino.
“Sempre converso muito sobre inteligência artificial com meus alunos. Entendo que é de extrema importância que todos tenham esse conhecimento, pois ele é o futuro e temos que acompanhar as evoluções na educação”, diz.
A docente está entre os professores brasileiros que têm testado a ferramenta chamada Maieutics, que através da inteligência artificial gera questões inéditas para avaliações, a partir do próprio material didático do professor. Criada por três empreendedores que são netos e filhos de professores e que também já lecionaram, Rafael, Rodrigo e Victor Streithorst – a startup deve fazer parte da vida de milhares de usuários muito em breve.
De forma online, é acessada por meio de um site (Maieutics.ai) que teve aproximadamente três anos de estudo para ser lançado ao mercado e traz como proposta a resolução de um dos principais problemas vividos pelos professores e observado ao longo da vida familiar dos idealizadores: a falta de tecnologia para o segmento educacional que torne a rotina do professor mais produtiva.
“Eu e meus irmãos, que nascemos em meio a uma família de professores e atualmente trabalhamos com tecnologia, passamos um longo período aprendendo e fazendo testes sobre como a tecnologia e a inteligência artificial poderiam contribuir com a educação; mais especificamente, com a rotina de milhares de professores. Se outros segmentos podem usar inúmeras ferramentas para uma gestão mais eficiente do tempo, por que no ensino tem que ser diferente?!”, diz o CEO, Rodrigo Streithorst.
“Eu demoro aproximadamente um dia e meio para fazer uma avaliação. A Maieutics demorou menos de 5 minutos. Contudo eu não acredito na inteligência artificial como substituta do meu trabalho e nem de outros docentes, eu gostei muito de ter a liberdade de editar tudo que foi gerado pela ferramenta. Apesar de ter revisado todas as questões e não encontrado nenhum erro, fiz questão de deixar a prova com o meu estilo. Essa parte humana a ferramenta não substitui, mas a parte braçal, que leva tempo para fazer e que não envolve esse raciocínio do professor, com certeza a inteligência artificial veio para contribuir”, explica a professora Marina Machado que começou a utilizar a ferramenta recentemente.
Antes mesmo do lançamento, a Maieutics já recebeu mais de 1.200 mil interessados de diferentes países e atualmente são mais de 10 mil cadastros na plataforma. “Apenas no Brasil, estamos falando de um público de mais 323 mil professores no ensino superior, segundo o Censo Escolar 2021 e do Censo da Educação Superior 2020, e cerca de 579 mil professores no Ensino Médio (Censo Escolar de 2020). Ainda é cedo para conseguir dizer, mas pretendemos alcançar pelo menos 20% do número total desse público ainda em 2024”, adianta Streithorst.
A partir da análise, classificação e conexão entre as palavras dentro de contextos diversos de mídia – áudio, vídeo ou texto – o sistema é capaz de formular avaliações fiéis aos materiais programáticos inseridos, tendo como base um conteúdo global de dados.
“Eu tive conhecimento da ferramenta com a postagem de uma colega também professora e resolvi testar. Por ser uma tecnologia nova e que nunca tinha usado nada parecido, achei que poderia ser difícil, mas não. Me adaptei facilmente e atualmente utilizo para as avaliações dos meus alunos. A inteligência artificial, quando trabalhada em conjunto com a inteligência humana, se torna uma ferramenta muito importante para tornar nossa rotina mais eficiente”, argumenta a professora Flávia.
A ferramenta se baseia em materiais que são inseridos pelos próprios professores e gera as questões inéditas, “como questões de múltipla escolha, dissertativas, verdadeiro ou falso, entre outras. O software é capaz de analisar as informações contidas nas questões, identificar padrões e criar novas perguntas que estejam alinhadas com o conteúdo abordado”, explica o Tech Lead do sistema e CTO Victor Streithorst.
A tecnologia de inteligência artificial também foi adaptada para criar avaliações adequadas ao Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) e deve contribuir para a preparação dos alunos e o desenvolvimento do ensino de forma geral.
“Avaliações eficientes conseguem mensurar o aprendizado. Tudo está conectado. Além disso, desejamos também incentivar o professor a usar a inteligência artificial não apenas em relação a Maieutics.ai, mas em diferentes situações, pois é uma realidade que bate à nossa porta”, afirma o COO da empresa, Rafael Streithorst.
Para ter acesso a ferramenta online, o professor pode optar por planos mensais que podem ser acessados levando em consideração a demanda. Após o sistema elaborar as questões, de acordo com o direcionamento dado pelo professor, elas podem ser editadas, salvas ou ainda, criar a sua prova e exportá-la na versão para o aluno ou para o professor – o conteúdo passa o tempo todo pela “relatoria” do usuário que consegue adequá-lo às suas necessidades. A ferramenta também está sendo certificada pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
“Seguimos todos os critérios e estamos em conformidade com a Lei Geral da Proteção de Dados tanto a nível nacional quanto internacional, pois a Maieutics já é utilizada também por profissionais de fora do país”, finaliza Streithorst.