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Como a tecnologia está redefinindo os hábitos do consumidor paranaense

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Foto: Fernando Tiegs

A tecnologia tem transformado radicalmente os hábitos de consumo em todo o Brasil, e no Paraná, esse impacto é cada vez mais perceptível no setor varejista. Com a rápida digitalização impulsionada por soluções inovadoras, o perfil do consumidor paranaense se mostra mais exigente, informado e conectado. 

De acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o e-commerce no Brasil cresceu 23% em 2023, e o Paraná se destaca entre os estados com maior adesão às compras online. Estima-se que o mercado digital representa hoje cerca de 15% do total de vendas no estado, segundo a Fecomércio-PR, uma tendência impulsionada não apenas pela conveniência, mas também pelo acesso imediato a comparadores de preços e avaliações de produtos em tempo real.

Nessa reta final de 2024, esses hábitos ficam ainda mais em evidência pelos períodos de grande volume de compras, como a Black Friday e o Natal. Para entender essas mudanças e como o comércio deve responder a elas, o Economia PR Drops conversou com Arthur Igreja, TEDx Speaker e especialista em Inovação.

Arthur é Masters em International Business pela Georgetown University (EUA), Masters of Business Administration pela ESADE (Espanha) e Mestrado Executivo em Gestão Empresarial pela FGV. Pós-MBA e MBA pela FGV. Autor do livro “Conveniência é o Nome do Negócio”, onde ressalta a evolução do consumo com a tecnologia.

Confira:

Quais mudanças mais significativas você tem observado nos hábitos do consumidor paranaense nos últimos anos?

Arthur: É inevitável falar das grandes transformações que o varejo tem passado, e uma delas é essa hiperdigitalização. Esse movimento começou nos anos 90, com a chegada da internet e do e-commerce, variando conforme o ramo de atividade do varejista. A partir de 2007, com a mobilidade, e depois com o 3G, 4G e a pandemia, houve uma aceleração significativa, criando um “antes e depois” marcante. Empresas como a Amazon e, especialmente, o Mercado Livre estabeleceram cadeias logísticas de enorme importância, com este último se tornando a empresa mais valiosa da América Latina. Tudo isso mostra que os hábitos de consumo mudaram. As compras agora são muitas vezes impulsionadas por redes sociais, e o processo de descoberta de produtos acontece majoritariamente através delas, em vez de sites ou comparadores de preço. O consumidor paranaense espera hoje um atendimento ágil, prazos curtos, acompanhamento de informações, e tende a compartilhar publicamente suas experiências, sejam positivas ou negativas. Em resumo, vivemos uma era de hiperconectividade e hiperdisponibilidade, com um consumidor muito mais exigente.

Como a tecnologia está influenciando as preferências dos consumidores no Paraná, especialmente no setor de varejo?

Arthur: A principal influência é que todo o início do funil de relacionamento agora é digital. A descoberta do produto, o conhecimento da existência de uma empresa, o primeiro contato – tudo isso se dá via WhatsApp, chatbots, aplicativos, redes sociais. A avaliação, a comparação e o acompanhamento também são digitais, em muitos casos até pelo YouTube. Hoje, praticamente toda a jornada se desenrola no ambiente digital, e apenas em algumas situações ocorre uma etapa analógica, como visitar o estabelecimento para verificar o produto pessoalmente.

Com o aumento das compras online, como os consumidores paranaenses estão equilibrando a experiência entre o varejo físico e digital?

Arthur: O equilíbrio depende da categoria de produto. Por exemplo, algumas categorias ainda são essencialmente analógicas, como o mercado de luxo, onde o desejo é muitas vezes despertado digitalmente, mas a compra é feita presencialmente. O mesmo ocorre com o setor automotivo. O varejo físico ganhou uma nova conotação, pois possui vantagens como a prontidão, a apresentação e a possibilidade de descoberta de novos produtos. No digital, o consumidor é mais objetivo e já sabe o que procura. No físico, o atendimento precisa ser de excelência, num nível especializado.

Quais são as expectativas do consumidor paranaense em relação à inovação no varejo? O que eles buscam em termos de experiência de compra?

Arthur: Principalmente, uma experiência sem atritos. Eles buscam uma experiência mais fluida, prática, que tome menos tempo e ofereça rastreabilidade. Esses são atributos essenciais, que estão cada vez mais ligados à tecnologia.

Que papel as redes sociais estão desempenhando na formação dos hábitos de consumo dos paranaenses?

Arthur: As redes sociais têm um papel central e determinante. Elas se tornaram o outdoor, o shopping e a vitrine das marcas. É onde os consumidores seguem marcas, onde influenciadores apresentam produtos, e onde o algoritmo consegue interpretar as preferências das pessoas, oferecendo produtos alinhados aos seus interesses. As redes sociais são fundamentais, especialmente nas etapas iniciais do funil de relacionamento.

Com a crescente digitalização, quais setores do varejo no Paraná estão mais preparados para atender às novas demandas do consumidor?

Arthur: Alguns segmentos, como o de eletrônicos e produtos relacionados à tecnologia, parecem estar mais bem preparados. Mas ainda há empresas que são muito lentas para acompanhar essas mudanças. Em todas as categorias, há vencedores e perdedores nessa corrida.

Quais tendências emergentes você acredita que vão moldar o comportamento dos consumidores paranaenses nos próximos cinco anos?

Arthur: As tendências que vemos em perfis mais cosmopolitas e jovens tendem a se espalhar para outros perfis. O comportamento de early adopters está se tornando a norma. A inteligência artificial e, mais recentemente, a IA generativa são temas importantes, pois permitem uma hiperpersonalização e agilidade que despertam o interesse das pessoas. Em paralelo, cresce a conscientização sobre questões de sustentabilidade, como o impacto da fast fashion, materiais, ESG, e o consumo consciente. Esses são temas que também devem receber a atenção dos varejistas.

Como os hábitos dos consumidores impactam os períodos de compras, como a Black Friday e o Natal?

Arthur: Nesses períodos, os consumidores criam expectativas, até porque são datas próximas ao recebimento do 13º salário. A expectativa de grandes descontos, as festividades e o aumento de recursos disponíveis geram uma maior disposição para comprar, embora isso não se aplique a todas as famílias. Hoje, os consumidores estão mais informados sobre preços e fazem uso de plataformas de comparação. Esses períodos são cada vez mais digitais, com foco na internet, na rapidez de entrega e na conveniência, mas também com um consumidor cada vez mais atento às ofertas.

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