Neste fim de semana, maratonamos mais uma temporada de Chef’s Table, da Netflix, e uma palavra ficou ecoando na minha cabeça ao final de cada episódio: autenticidade.
Em um mundo onde é tentador seguir fórmulas de sucesso ou copiar tendências, os chefs retratados na série se destacam justamente por rejeitarem os caminhos óbvios. Cada prato, cada conceito, cada restaurante é uma extensão direta de quem eles são — com suas histórias, raízes e convicções.
Aliás, essa temporada (curtíssima, infelizmente, com somente quatro episódios) já começa com “autenticidade” sendo uma palavra de ordem, com o episódio do Chef Jamie Oliver.
Nos anos 1990, quando programas de culinária ainda seguiam um roteiro formal e distante, ele apareceu na televisão britânica com um jeito informal, descomplicado e genuíno de cozinhar. Trocou o figurino engomado por camisetas, trouxe os amigos para a cozinha e mostrou que era possível ensinar gastronomia de forma acessível, leve e humana. A autenticidade dele era o diferencial — e foi exatamente isso que conquistou o público.
Muito antes das redes sociais popularizarem esse discurso, esse diferencial era fator chave para quem quer se destacar no mercado e se conectar com as pessoas
Autenticidade: um valor atemporal com impacto direto nos negócios
No universo dos negócios, ser autêntico significa alinhar a comunicação, as decisões e a cultura da empresa com os valores reais do empreendedor. Não é sobre seguir o que está em alta, mas sobre construir uma marca coerente, com propósito claro e identidade bem definida.
Essa coerência gera conexão emocional — e é essa conexão que transforma um público qualquer em comunidade, e consumidores em defensores da marca.
Negócios autênticos atravessam melhor as crises, inovam com mais consistência e criam marcas que deixam legado.
Hoje, as redes sociais estão repletas de filtros, roteiros e discursos ensaiados. Gurus, então… Temos aos montes (até demais, eu diria)!
Mas é justamente o conteúdo verdadeiro que mais engaja. Os consumidores buscam identificação, bastidores, histórias reais e vulnerabilidades com as quais possam se identificar.
O próprio Instagram, que era uma rede social totalmente voltada à estética, está dando mais espaço ao storytelling.
Segundo uma pesquisa da Nosto, 86% dos consumidores consideram a autenticidade um fator-chave na hora de escolher uma marca. Ainda assim, menos da metade das empresas consegue transmitir essa autenticidade de forma convincente.
O conteúdo gerado pelo usuário (User Generated Content – UGC) tem se mostrado uma estratégia eficaz para preencher essa lacuna, pois traz relatos espontâneos de clientes, aumentando a credibilidade e a empatia.
Como cultivar autenticidade no empreendedorismo?
Autenticidade não se improvisa. Ela nasce de um compromisso com a verdade — e se sustenta com consistência. Algumas práticas podem ajudar a fortalecer esse valor no dia a dia do negócio:
- Clareza sobre a proposta de valor: entenda o que torna sua marca única e comunique isso com simplicidade e convicção.
- Coerência entre discurso e prática: tudo — da identidade visual ao atendimento — precisa refletir o que a marca realmente é.
- Ambiente interno que valorize a autenticidade: uma equipe que pode ser ela mesma contribui com criatividade e pertencimento.
- Transparência nos desafios: compartilhar aprendizados e vulnerabilidades fortalece a relação com o público.
Ser verdadeiro nunca sai de moda
Jamie Oliver foi autêntico em uma época em que isso não era a norma — e exatamente por isso conquistou um espaço único na mídia e nos corações do público. O mesmo vale para empreendedores que optam por construir negócios com alma, verdade e propósito.
A autenticidade continua sendo um diferencial competitivo poderoso.
Ela transcende plataformas e tendências e segue sendo, talvez, o maior ativo de marcas que desejam crescer de forma sustentável, com impacto e significado.