O LIDE Paraná promoveu o seminário “Guerra Comercial: oportunidade ou desafio?”, reunindo empresários, autoridades e especialistas para analisar os riscos e oportunidades gerados pelas tensões comerciais globais, novas taxações e conflitos entre potências.
O evento destacou como essas transformações impactam diretamente os negócios, especialmente no Paraná, um dos estados mais exportadores do Brasil.
Entre os participantes estiveram Heloisa Garrett, presidente do LIDE Paraná; Roberto Giannetti da Fonseca, presidente do LIDE Comércio Exterior e uma das maiores autoridades em comércio exterior do país; Gabriel Vieira, diretor de operações portuárias da Portos do Paraná; e Luanna Souza, CEO do Grupo Pinho e especialista em inovação logística.
Roberto Giannetti analisou detalhadamente o “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos, que prevê uma alíquota de 50% sobre produtos brasileiros. Segundo ele:
“A medida foi extemporânea e sem base técnica ou legal consistente” e criticou a forma como foi anunciada, por meio das redes sociais, sem seguir os trâmites diplomáticos. Ele reforçou que, ao contrário do que afirmou o presidente Donald Trump, o Brasil não possui superávit comercial com os EUA, mas sim déficit”.
Roberto destacou a necessidade de ações coordenadas entre governo e setor privado para mitigar os impactos e proteger as exportações.
Entre as medidas defendidas estão a prorrogação dos prazos nos Adiantamentos de Contrato de Câmbio (ACC) para exportadores afetados, a antecipação do pagamento de créditos acumulados de ICMS pelos Estados e a busca por novos mercados para produtos brasileiros, especialmente commodities como café e suco de laranja, que têm poucos substitutos.
“Para alguns setores é mais fácil, para outros mais difícil, dependendo da especificidade do produto e da forma como acessa o mercado americano. Produtos com marca, propaganda e exigências sanitárias não se realocam facilmente. Às vezes, a substituição de mercado pode demorar seis meses, um ano, ou nunca acontecer. Nessas situações, a perda é total”, afirmou o especialista.
Ele também ressaltou que para produtos que exigem certificações, registros sanitários ou investimentos de longo prazo em marca, a substituição do mercado americano será mais lenta, reforçando a necessidade de atuação coordenada entre governo e setor privado.
Sobre a negociação com os EUA, Roberto Giannetti afirmou:
“A nossa sugestão, já apresentada ao governo brasileiro, é que convoque imediatamente o CEO Forum para uma reunião extraordinária e emergencial. A ideia é delegar ao fórum 15 dias para entregar uma proposta ampla, equilibrada e realista sobre o que pode ser oferecido ao governo americano em troca da redução das tarifas, seja em nível global, como fez a União Europeia”.
O especialista destacou ainda o interesse estratégico dos Estados Unidos nas terras raras brasileiras, ressaltando que o país possui a segunda maior reserva mundial desses elementos essenciais para a fabricação de baterias, turbinas e equipamentos eletrônicos de ponta:
“Os EUA têm grande interesse em diversificar o fornecimento de terras raras para reduzir a dependência da China e o Brasil pode oferecer cooperação nesse setor como parte de um pacote equilibrado de concessões”.
A presidente do LIDE Paraná, Heloisa Garrett, mediou o seminário e reforçou a relevância do debate para o estado:
“O Paraná é visto internacionalmente como um celeiro de inovação e produtividade na área de alimentos. Em um cenário global de instabilidade, o desafio é transformar risco em oportunidade, e isso exige conhecimento, articulação e coragem. Os olhos do mundo estão voltados para o nosso estado. Não apenas pela capacidade produtiva, mas também pelo protagonismo em energias renováveis, uma pauta estratégica para o futuro”.
Gabriel Vieira ressaltou os avanços logísticos do estado e a importância de uma infraestrutura portuária moderna e integrada para garantir competitividade:
“Não podemos gerar atrasos ou custos adicionais às nossas exportações. Pelo contrário: a infraestrutura tem que ser aliada na busca por novos mercados e no enfrentamento de restrições tarifárias”.
Luanna Souza trouxe a perspectiva do setor logístico privado, destacando que a modernização dos processos é crucial para assegurar eficiência e agregar valor aos produtos brasileiros:
“A forma como gerenciamos a logística hoje será determinante para garantir a continuidade das exportações e a eficiência das cadeias produtivas. Precisamos de sistemas que proporcionem previsibilidade, controle e segurança operacional. Não basta apenas movimentar cargas, é fundamental oferecer soluções logísticas à altura dos desafios globais que enfrentamos”.
O seminário evidenciou que, embora o cenário internacional imponha riscos, ele também abre espaço para o reposicionamento estratégico do Brasil, sobretudo se houver uma atuação coordenada entre o setor público, o setor privado e as entidades de classe.
A palavra de ordem, segundo os participantes, é agilidade com visão de longo prazo.
Grupo de Líderes Empresariais, o LIDE Paraná tem entre seus objetivos atuar na construção de uma agenda positiva voltada ao fortalecimento da economia do Estado. Posiciona-se como um hub de negócios para a promoção de oportunidades de investimento, desenvolvimento econômico e social e construção de conexões, estimulando as interações e o networking empresarial. Também é voltado à discussão de temas econômicos e políticos de interesse nacional. O LIDE tem hoje 23 unidades no Brasil e 17 unidades internacionais, sendo a do Paraná reconhecida como unidade referência do sistema.
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